EMPRESAS NATIMORTAS

Já ouviu falar em empresas natimortas? Então, esquisito imaginar empresas que já nascem mortas. Pode até ser esquisito, porém é mais comum do que você possa imaginar. Dias atrás, eu caminhava nas ruas do bairro em que moro em São Bernardo do Campo em São Paulo e percebi uma nova loja de roupa feminina em uma galeria de lojas no mesmo local que meses atrás uma mesma loja muito similar havia fechado.

Fiquei intrigado ao lembrar que este local já havia sido palco de outras duas tentativas frustradas de negócios no mesmo setor em poucos anos. Perguntei a mim mesmo, como alguém pode abrir um negocio do mesmo ramo em um ponto que acabou de fechar um empreendimento. Não me contive…entrei na loja e como quem não quer nada, comecei a conversar com uma vendedora.

Em poucos minutos, a própria dona estava lá conversando comigo. Aos poucos, pude começar a perguntar o que levará ela a abrir aquele negócio. Estavam abertos sob sua gestão a pouco mais de dois meses. Segundo ela, enxergava boas oportunidades em vendas pois o local era bem movimentado.

Passado cerca de 30 minutos que ela contava sua vida e todo o investimento que havia feito naquele negócio, consegui perguntar a ela se havia chegado a estudar porque as tentativas anteriores de empreendimentos naquele local haviam sido frustradas. Ela disse que não se recordava de ter visto outras lojas por lá e que mesmo morando naquele bairro somente percebeu a existência do local quando começou a pensar em empreender. Sem desanima-la, pedi que prestasse atenção em alguns pontos relativos aquele local.

SOMOS TRAÍDOS PELO QUE ACREDITAMOS SABER

Quem normalmente compra os itens ofertados na loja são mulheres, entre 25 e 50 anos. Pelo preço mais elevado das peças (Vestidos e roupas mais formais femininas), imaginei que as pessoas que fossem visita-la iriam em sua maioria de carro, pois apesar de estar localizada em um bairro com bom adensamento populacional por si só não seria suficiente para manter o negocio em pé. Ela precisaria contar com o publico enorme que passa de carro na porta. Quando disse isso ela concordou com a cabeça.

Neste momento então, perguntei a ela, você já percebeu como são as duas vagas de estacionamento que você tem na porta da loja? Ela respondeu, claro! Elas são ótimas. Eu respondi, ótimas para que??? Enquanto conversávamos, uma pessoa tentou parar na vaga e quase bateu o carro em um posto existente lá. Mal conseguia sair do carro pois lá estava na melhor vaga estacionado o carro dela, a Dona! Quando ao perceber minha analise ela logo respondeu. Você tem razão, parar aqui é desesperador! Ninguém consegue. Neste momento disse a ela, será que as demais lojas que fecharam aqui sofreram com o mesmo problema? Bem…

Como pode imaginar nossa conversa depois disso não foi lá das melhores, sei apenas que dois meses depois ela havia se mudado do ponto.

O BÁSICO NÃO É OBVIO PARA QUEM NÃO ESTÁ ENXERGANDO

Você deve estar se perguntando afinal isso é básico! Saber quem é seu cliente, como ele se comporta, compra, se desloca até você (Em caso de ser um local físico) é essencial. Estou apenas comentando sobre questões logísticas, quando se fala então de precificar o valor de venda dos produtos a dor é sempre a mesma, mal os empresários sabem o custo do que vendem.

Se não conseguimos saber ao certo o quanto custa nosso produto ou serviço, como iremos vende-los com boa margem? Complicado demais. Para ajudar os leitores que gostariam de aprofundar o estudo para que suas empresas não nasçam mortas, recomendo o livro O segredo de Luísa do brasileiro Fernando Dolabela. Até nosso próximo encontro.

Sobre o autor,

Benício Filho.

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela UNIFESP em Neurologia Oftalmológica na área de Empreendedorismo e pós graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal), atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros. Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 300 eventos (número atualizado em dezembro de 2019). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul) bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.