TENDÊNCIA TRADICIONAL: A EDUCAÇÃO FOCADA NO PODER DO PROFESSOR

É interessante estudar os modelos educacionais desenvolvidos aos longos dos séculos e perceber como realmente mudar a educação é um enorme desafio, é uma tendência tradicional. Como já diziam nossos avós, somos frutos da experiência vivida.

Este aprendizado fica dentro de nós como marca. Superá-lo e abrir-se ao novo requer quase que uma reinvenção. Talvez por isso eu goste tanto de utilizar a palavra ressignificar.

Na linha da pedagogia liberal a tendência tradicional surge aos nossos olhos como algo que levaremos décadas ou talvez gerações para superar. Com origem nos jesuítas que sempre tiveram uma forte presença no ensino, essa tendência tinha como objetivo preparar os alunos para a sociedade.

Filhos de burgueses, esses alunos eram enviados às escolas que desempenhavam o papel de transmitir o conhecimento moral e intelectual.

O professor era a autoridade total, o poder dentro da escola girava em torno dele.  Nada poderia ser discutido se não fosse por ele introduzido. Na verdade, o professor centralizava o conhecimento e a exaustão repetia como um mantra o conteúdo exposto.

A ESCOLA PREPARA O ALUNO COM CONHECIMENTOS E VALORES TRADICIONAIS

A escola era o centro do conhecimento que deveria ser repassado aos alunos como um manual. A instituição preparava seus integrantes para a sociedade que acumulava esse conhecimento por gerações.

Interessante refletir que parte da tradição que temos de acolher o conhecimento deriva justamente desse saber tradicional dos nossos antepassados. Muito comum em sociedades no qual se é valorizado o conhecimento ancestral, porém sem o rigor ou a autoridade do professor, mas sim o reconhecimento do conhecimento adquirido pela experiência.

Exposição do conteúdo e a repetição do mesmo são características dentro das instituições que vivem essa tendência pedagógica.

Como é interessante pensar que mesmo há poucos anos, boa parte dos conhecimentos de Matemática, História, Geografia ou mesmo Ciências eram ensinados assim. Eu mesmo aprendi na repetição sem que eles fizessem sentido quase que nenhum.

A quantidade de conteúdos muitas vezes totalmente desnecessários apenas inflam as grades curriculares sem que estes mesmos eduquem ou ensinem os alunos.

UM DOS GRANDES ERROS DAS TENDÊNCIAS DE ENSINO SE DÁ JUSTAMENTE POR NÃO CONSIDERAR O INDIVÍDUO COMO ÚNICO

Posso dizer que sou um grande exemplo de alguém que teve enormes dificuldades em se adequar a tendência tradicional de ensino praticada nas escolas. Pensar que uma criança absorve conhecimento é apenas um dos erros cometidos na tendência tradicional.

Como podemos até hoje não individualizar o ensino? Cada ser humano é único. Lembro da dificuldade que tinha de entender algumas fórmulas matemáticas no ensino fundamental. Precisei conhecer um professor no ensino técnico que didaticamente e entendendo minhas dificuldades iria me apresentar alguns modelos que até hoje fazem sentido para mim.

Na tendência tradicional que parece ainda ser muito presente nos dias de hoje, fica evidente a aprendizagem mecânica. Repete-se o conteúdo a exaustão. Basta lembrar como foi ensinado a você a tabuada, tenho certeza de que se lembrará como está tendência ainda é presente atualmente.

Leia também: AINDA SOMOS ALFABETIZADOS COMO SE ESTIVÉSSEMOS NO EXÉRCITO

TENDÊNCIA TRADICIONAL: REFORMULAR O ENSINO PASSA POR COMPREENDERMOS MELHOR QUEM SOMOS

Não acredito em uma nova forma de ensinar que não parta do pressuposto de compreender na essência quem somos. Somos seres únicos, apenas com uma verdadeira experiência do outro é que poderemos nos libertar dos modelos que aprisionam quem somos para definitivamente expandirmos nossa humanidade.

A agressividade é um traço da nossa evolução que ainda precisa ser superado. Quando enfim, superarmos a agressividade e no lugar externarmos nossa compaixão, não me restará dúvidas que estaremos em uma nova fase enquanto seres humanos.

A educação deveria ser a pedra fundamental desse movimento e não seu peso para o fundo do mar. Excesso de regras, doutrinas, ideologias, poder e pré-conceitos são traços dessa agressividade que não faz mais sentido em um mundo carente de valores que nos conectem enquanto seres de amor que somos.

Temos muitos exemplos de mestres que transbordam esta amorosidade, porém esbarram em instituições que enviesadas por tendências pouco alinhadas com as reais necessidades da humanidade, que por fim corrompem ou geram ainda mais indivíduos alienados.

O nascimento de uma nova educação passa por humildemente voltarmos aos valores intangíveis tão caros para nós. Perdemos nossa conexão com o Sagrado, e isso nos levou para perto do abismo. Recuperar nossa percepção de responsabilidade com a terra e todos os outros seres que habitam este planeta será a ponte para reconstruímos nossa humanidade.

Sem refletir seriamente o que somos, jamais teremos uma educação que compreenda o que precisamos e quais saberes são realmente importantes.

SOBRE O AUTOR:

Benício Filho.

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela UNIFESP em Neurologia Oftalmológica na área de Empreendedorismo e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 300 eventos (número atualizado em dezembro de 2019). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul) bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.