LINGUAGEM E CONHECIMENTO NO CRÁTILO DE PLATÃO

Será mesmo que todas as coisas são completamente apresentadas pelos nomes a que são definidas? Esta é uma questão que sempre repousa dúvidas. Na hermenêutica temos como objetivo suscitar a compreensão da essência das palavras, seu entendimento e significados. 

Quando, ao nos debruçarmos sobre a obra o Crátilo de Platão, surgem posições externadas no diálogo de Sócrates com Crátilo e Hermógenes que transcendem a discussão em questão, levantam dúvidas se estamos diante de nomes que externam a essência dos seres ou são apenas descrições superficiais das suas almas. 

No diálogo, Sócrates é questionado por dois homens, Crátilo e Hermógenes, se os nomes são “convencionais” ou “naturais”, isto é, se a linguagem é um sistema de símbolos arbitrários ou se as palavras possuem uma relação intrínseca com as coisas que elas significam. 

Ao fazer isto, este texto tornou-se numa das primeiras obras filosóficas do período clássico grego a tratar de matérias como a etimologia e a linguística apresentando uma linha de reflexões hermenêuticas essenciais para a compreensão dos textos.

Por um lado, Crátilo defende a tese naturalista: as coisas têm nome por natureza – conformidade natural entre palavras e coisas. Hermógenes defende a tese convencionalista: os nomes são corretos por convenção.

A questão que surge durante o diálogo é que, se todos os nomes são justos e os nomes que não são justos (como o de Hermógenes), não são nomes, não passam de ruídos, simplesmente. Como não há identidade no fluxo, não pode haver identidade na linguagem.

Nomes que não representam a alma da sua origem não deveriam ser nomes.

A COERÊNCIA DOS NOMES DEVE ESTAR ALINHADA COMO UMA FILOSOFIA DO DIA A DIA  

Na perspectiva da discussão entre Sócrates e Crátilo, podemos supor uma conclusão, que a estratégia utilizada por Platão de apresentar uma discussão sobre a justeza dos nomes em meio a um cenário aporético aponta para uma crítica à filosofia do tipo doutrinária em prol de uma filosofia mais próxima de uma atividade propriamente dita e, portanto, de uma pragmática.

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Forte abraço e até o próximo conteúdo. 

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SOBRE O AUTOR

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Black Beans e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.