Viajar é uma das formas mais profundas de aprendizado. Acredito nisso com intensidade. Viajo desde muito jovem e, como sempre digo, viajar é mergulhar em culturas diferentes e aprofundar nossa humanidade.
Quando viajo com minha família, sempre fazemos escolhas que nos permitam aprender mais sobre novas culturas, além de passarmos mais tempo juntos. Neste ano de 2024, escolhemos celebrar o Ano Novo no Peru. Durante nossa estadia, entre 30 de dezembro de 2024 e 9 de janeiro de 2025, vivenciamos experiências marcantes que mudaram nossa forma de ver o mundo.
Este artigo apresenta dez aprendizados essenciais dessa jornada, destacando momentos, reflexões e lições que o Peru nos proporcionou. Espero que essas percepções inspirem sua próxima viagem ou mesmo a forma como você enxerga a vida.
1. A riqueza cultural de Lima: tradição e modernidade em perfeita harmonia
Lima, a capital do Peru, nos recebeu com uma energia vibrante e uma mistura cativante entre o antigo e o contemporâneo. No bairro de Barranco, considerado o centro boêmio da cidade, nos encantamos com os murais coloridos que contam histórias de resistência e expressão popular. Cafés artísticos, feiras de rua e galerias nos transportaram para o coração pulsante da criatividade peruana.
O Malecón, por sua vez, nos ofereceu um contraponto tranquilo: uma extensa faixa costeira com vista para o Oceano Pacífico, onde é possível caminhar, meditar ou simplesmente observar o movimento das ondas. Pedalamos por mais de 20 quilômetros, aproveitando a estrutura impecável das ciclofaixas e absorvendo a paisagem urbana em perfeita sintonia com a natureza.
2. Paracas: grandiosidade natural e consciência ambiental
Saindo de Lima rumo a Paracas, seguimos por uma estrada costeira cercada por paisagens desérticas que se estendem até onde a vista alcança. Ao chegar, fomos surpreendidos pela beleza quase intocada da região. Em um passeio de barco pelas Ilhas Ballestas, observamos leões-marinhos, pinguins e uma diversidade de aves vivendo em seu habitat natural.
A experiência foi um lembrete poderoso da riqueza e da fragilidade dos ecossistemas. A Reserva Nacional de Paracas, com suas dunas e falésias dramáticas, nos fez refletir sobre a importância de adotar práticas sustentáveis e proteger essas áreas tão valiosas para as futuras gerações.
3. Ica e Huacachina: vida no meio do deserto
A região de Ica foi uma das grandes surpresas da viagem. Aparentemente inóspita, com dunas que parecem saídas de um filme, ela abriga o oásis de Huacachina — um pequeno lago rodeado por vegetação e construções que parecem desafiar a aridez do deserto.
Fizemos um emocionante passeio de buggy pelas dunas, com direito a “sandboard” e pôr do sol cinematográfico. Foi um daqueles momentos em que o tempo parece parar. Percebemos que até nos lugares mais improváveis, a vida encontra um jeito de florescer. Essa é uma das lições mais valiosas da resiliência.
4. Nazca: o legado de uma paixão pelo conhecimento
Chegar à cidade de Nazca foi como entrar em um capítulo vivo da história da humanidade. A região é famosa pelas misteriosas Linhas de Nazca — desenhos gigantescos gravados no solo que só podem ser plenamente vistos do alto. Mas o que mais nos tocou foi conhecer a história de Maria Reiche, cientista alemã que dedicou sua vida a estudar e proteger essas figuras.
Seu exemplo de perseverança e paixão pela ciência é inspirador. Entender o significado por trás dessas linhas é compreender o legado de um povo engenhoso e conectado com o cosmos.
5. A magia de ver o mundo do alto
Sobrevoar as Linhas de Nazca foi, sem dúvida, um dos momentos mais emocionantes da viagem. Estar em um avião pequeno, sentindo cada movimento, e ver surgir no solo as formas de animais, figuras geométricas e espirais perfeitas é algo que palavras não conseguem descrever por completo.
Ali, compreendi o poder de mudar de perspectiva. Ver do alto nos ajuda a enxergar conexões, padrões e significados que de perto muitas vezes passam despercebidos. Foi também um retorno à minha infância, quando lia fascinado sobre Nazca em revistas como a National Geographic.
6. Barranco: arte como ponte cultural
Voltando a Lima, exploramos mais a fundo o distrito de Barranco. Em cada esquina, um novo mural, uma nova expressão artística, uma nova forma de contar histórias. É impressionante como a arte urbana, muitas vezes marginalizada, se torna uma ponte entre diferentes gerações, etnias e visões de mundo.
Barranco é uma aula viva de como a criatividade humana pode transformar espaços e consciências. Saímos de lá com a certeza de que a arte é uma ferramenta poderosa para conectar culturas.
7. Malecón: a importância das pausas
Em um mundo que valoriza tanto a produtividade, o Malecón nos ensinou a pausar. As trilhas arborizadas, os mirantes voltados para o mar e os jardins bem cuidados são um convite à contemplação.
Ali, aprendemos que recarregar a mente e o corpo é essencial para manter o equilíbrio. E que a beleza também está nas pequenas coisas, como o som das ondas ou o voo das gaivotas.
8. Conexão espiritual com a terra
Uma das marcas mais fortes do Peru é a sua relação ancestral com a natureza. Em todas as regiões por onde passamos, notamos um respeito quase sagrado pela terra, pelas montanhas, pelo mar e pelos animais.
Essa conexão espiritual é algo que nos falta nas grandes cidades. Voltamos com o desejo de cultivar esse respeito no nosso cotidiano, desde o consumo até a maneira como nos relacionamos com o meio ambiente.
9. Hospitalidade peruana: o poder do acolhimento
Durante toda a viagem, fomos recebidos com simpatia e atenção. Desde o atendente do hotel até os guias locais, todos fizeram questão de nos fazer sentir em casa.
Esse acolhimento nos lembrou de como a empatia e a gentileza podem transformar qualquer interação em algo significativo. Pequenos gestos criam grandes memórias.
10. Viajar é transformar-se
Mais do que visitar lugares, viajar é uma experiência de transformação pessoal. Cada momento vivido no Peru nos moldou de uma nova maneira, ampliando nossa visão, desconstruindo preconceitos e incentivando um novo olhar sobre o mundo.
Voltar para casa é retornar diferente. E é essa transformação que torna cada viagem verdadeiramente inesquecível.
Encerrando a Jornada, Ampliando os Horizontes
Nossa imersão cultural no Peru foi uma verdadeira lição de vida. Esses dez aprendizados não são apenas lembranças turísticas, mas reflexões que levaremos para sempre. São memórias que nos ensinam a viver com mais empatia, respeito à diversidade e consciência ambiental.
Se você está planejando sua próxima aventura, considere o Peru não apenas como um destino exótico, mas como uma verdadeira escola de vida. Cada lugar tem algo a ensinar — basta estarmos abertos para aprender.
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SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Incandescente e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis, ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.