Há quase dez anos trabalho com internacionalização de empresas do Brasil para Portugal. Tendo sempre Portugal como porta de entrada para a Europa.
Foram mais de mil reuniões com empresários dos mais diversos setores da economia do Brasil. De agronegócio a tecnologia da informação. A quantidade de segmentos deixaria muita gente maluca, devido ao número de variáveis.
Apenas de projetos executados estou falando em mais de cem. Agora uma coisa posso afirmar com toda a certeza: ninguém acorda pela manhã em um dia lindo de sol e começa a falar “Hoje vou internacionalizar minha empresa”.
Alguns elementos são essenciais para que uma empresa possa começar uma jornada para o mundo. Os anos de experiência nos ajudaram a perceber o que pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso, mas também posso garantir outro ponto.
A internacionalização começa pela mente. A mudança necessária em relação a forma que fazemos negócios no Brasil para que um negócio realmente aconteça fora do Brasil não é trivial.
Sempre pergunto para o empresário se ele está disposto a pagar o preço para que a internacionalização seja exitosa.
Neste artigo, quero percorrer com você alguns elementos que julgo serem essenciais para que internacionalizar não passe de um sonho, mas sim que se transforme em um projeto concreto.
Convido você a vir comigo e juntos percorrermos este caminho.
DECISÃO COM O CORAÇÃO PODE TIRAR SUA RAZÃO
O filósofo Suíço René Descartes, famoso por sua construção sobre a racionalidade, ajudou muito a humanidade a criar um melhor entendimento do que é o pensamento e o foco.
Uma das suas conclusões foi expressada por meio da seguinte afirmação clássica: Cogito, ergo sum: “Penso, logo existo”. Descartes não acreditava que as informações que recebemos por meio de nossos sentidos são necessariamente corretas.
A questão para isso é simples – nossos sentidos podem nos trair facilmente. Nosso coração, apesar de ser um guia importante pois nos auxilia na tomada de decisão, pode estar comprometido com todos os sentimentos que alteram nossa visão sobre a realidade.
Esta frase que construímos bem perto da Torre de Belém, gera justamente essa confusão. Encantados com as possibilidades que existem em Portugal ligadas ao turismo, qualidade de vida e gastronomia nos iludimos que, apenas por estes pontos, já temos condições de internacionalizar.
Seria muito bom que, apenas por todos os ativos que Portugal representa, pudéssemos iniciar esta jornada, mas a pergunta que faço é:
Será mesmo que existe uma oportunidade real de negócio para você em Portugal com sua atual empresa no Brasil?
Aqui, nada de aceitar afirmações sem base de conhecimento sólido. Achar que faz sentido seu produto ou serviço em Portugal é o que descrevi – apenas achismo.
A RAZÃO DOS NÚMEROS
Quando iniciamos as conversas com um empresário que percebeu possibilidades em internacionalizar logo de início, perguntamos a ele por quais razões ele quer fazer isso.
As respostas podem ser muitas, mas, em um pequeno número de casos, existem realmente as condições tanto no empresário como no negócio em começar este processo.
Claro que, mesmo para este grupo que reúne nestes primeiros momentos as condições para internacionalizar, não ficamos apenas com nossas observações. Estes são os casos que, já de início, fazemos o estudo de mercado Market Fit.
O estudo de aderência de mercado Market Fit cria as condições para deixarmos de imaginar cenários e começarmos a realmente trabalhar em cima de evidências.
Elas são o que Descartes chamaria de “condições para existir”. Sem uma visão clara do que temos, apenas estamos sonhando.
Como é bom deixar de sonhar e começar a construir algo concreto! Mas não paramos por aqui. O momento em que sabemos se existe aderência do nosso produto ou serviço em Portugal é essencial, pois ele muda as rotas do projeto.
Isso é essencial, pois nem tudo que faz sentido no Brasil, faz sentido em Portugal ou, ainda, em qualquer outra parte do mundo.
Uma boa parte dos empresários acredita que, tendo tido sucesso no Brasil, isso já está garantido em Portugal.
Na verdade, aprendizado é sempre aprendizado, mas nada garante que fora do Brasil as respostas que temos às questões aqui serão as mesmas lá.
OS ERROS MAIS COMUNS NO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO
Alguns erros no processo de internacionalização nascem justamente da não observância dos desafios ou da redução dos mesmos.
Um destes erros é, por exemplo, não ter o processo de internacionalização como essencial. Quando algo é essencial dentro da empresa, os próprios fundadores estão envolvidos. Não se delega o que é essencial.
Outro é querer adotar como início dos trabalhos uma equipe brasileira em Portugal. Respeitar a cultura local é essencial. Recentemente, escrevi sobre como é o dia a dia de trabalho com uma equipe portuguesa.
Subestimar os desafios pode ser seu maior erro. Outro ponto muito importante é não entender o regime fiscal. Em Portugal, como em toda a Europa, os lucros são taxados. E aí como fica sua contabilidade?
Queremos apoiá-lo neste processo, mas esteja atento com sua mente ao que é realmente importante.
COMECE PELA MENTE E MUDE SUA VIDA
Sua mente é seu guia. Claro que não devemos deixar de lado nossos sentimentos. Mas não agir por impulso ou por achismos é essencial quando estamos falando em algo de natureza empresarial.
A Atlantic Hub construiu, ao longo dos anos, importante base de conhecimento para apoiá-lo. Isso não é trivial.
Podemos estar com você em quase todos os momentos, mas para isso, o primeiro passo precisa ser dado com clareza.
Nosso estudo de mercado é este primeiro passo!
Estudar efetivamente se existe uma oportunidade para sua empresa em Portugal é o ponto que acreditamos ser mais assertivo.
Comece hoje mesmo estudando seu mercado conosco e começamos corretamente esta nova fase da sua empresa e da sua vida.
Dúvidas sempre existem. Marque um momento comigo e vamos juntos conversar para alinhar os próximos passos.
Leia também: OS 10 ERROS MAIS COMUNS EM UM PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Black Beans e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”