Compreender os estudos filosóficos e as constatações percebidas pelos filósofos Boécio, Raimundo e Dante lançam luzes para compreendermos a própria cosmologia moderna.
Começando pelas teorias cosmológicas de Boécio que estão expressas na obra, de consolatione Philosophiae. Podemos afirmar que, “Os dados cosmológicos de Boécio são simples: a constelação de Arcturo brilha no Norte. Arcturo também é o nome da estrela principal de Bootes ou Ursa Maior, próxima da constelação de Ursa Menor, que contém a estrela polar”.
Era tradição representar a Ursa Maior como um carro puxado por sete bois e conduzido por um vaqueiro, Bootes.
A Ursa Maior, por sua vez, cumpria um movimento de rotação em torno da estrela Polar em doze horas da noite. Segundo Boécio, a lei que rege tudo é o éter (aithér), que é o nome que Aristóteles toma da tradição grega para designar a ‘matéria’ dos corpos celestes.
Esse nome indicaria a imutabilidade, incorruptibilidade e eternidade dos corpos celestes. Esta visão aristotélica esclarece a diferença dos corpos supralunares com os corpos sublunares.
A matéria destes últimos é água, ar, terra e fogo, são corruptíveis e expostos a um movimento retilíneo, ligado à potência dos contrários. Os supralunares, por sua vez, são ingênitos, imutáveis e incorruptíveis, têm um movimento circular e estão sempre em ato.
Boécio fala ainda de um eclipse lunar como ocasião de erro. Certamente ele se refere a um eclipse lunar ao dizer: “Quando se esvaem os crescentes da lua cheia, recobertos pelo cone de uma noite espessa – e Febe, irreconhecível, revela como sendo astros o que ela escondera com seu disco fulgurante”. Febe, para Boécio,
Quando Boécio fala de ‘erro’, refere-se à superstição de vários povos antigos que, em ocasião de um eclipse, faziam barulhos com vários instrumentos metálicos e com címbalos para espantar os maus agouros.
Portanto, na visão boeciana a Natureza seria desmistificada quando conhecida, e Boécio, afirmando isso, baseia-se numa longa tradição didática, com raízes em Lucrécio e Virgílio.
A DEFINIÇÃO DA ASTROLOGIA DE ACORDO COM O FILÓSOFO RAIMUNDO LÚLIO
Ao estudarmos a Cosmologia Luliana, é importante notar que para ele, existe uma relação íntima entre a visão de mundo (Cosmos), a Astronomia e a Astrologia.
Na época de Raimundo Lúlio, não se distinguia entre astronomia e astrologia, de tal forma que se entendia as duas perspectivas como ciência. A astrologia não era vista como superstição.
Para Lúlio, “a astrologia é a ciência demonstrativa por meio da qual se conhece que os corpos celestiais têm poder e operação sobre os corpos terrestres”. Entretanto, aponta que os Astros não têm poder por si só. Segundo ele, a virtude que está nos corpos celestiais, provêm de Deus, que está acima dos céus e de tudo o que existe.
Na obra intitulada El Libro de las Maravillas (1288-1289), Raimundo Lúlio discorre sobre o tema do céu empíreo (ἔμπυρος), entendido como o lugar no mais alto dos paraísos, reservado para Deus, os anjos e os santos.
Nas cosmologias antigas acreditava-se que o ‘Céu Empíreo’, era o lugar regido pelo elemento fogo. Um outro tema importante apresentado na referida obra, é sobre Deus, que Lúlio classifica como a substância supra sensível, imóvel e eterna, que move o universo.
No Tratado de Astronomia, redigido em 1297, com o intuito de estreitar suas relações com a Faculdade de Artes da Universidade de Paris, ele advogou a influência dos astros no mundo material.
Leia também: AS CONTRIBUIÇÕES DE COPÉRNICO E GALILEU PARA A COSMOLOGIA
A COSMOLOGIA DE DANTE ALIGHIERI
Para o escritor Dante Alighieri, o inferno era uma região inferior na Terra, o Purgatório era uma região sublunar e as regiões etéreas eram os locais ideais para a residência de hierarquias superlunares de seres angelicais, como mostra a imagem abaixo.
A melhor descrição do Universo da Alta Idade Média é encontrada no poema A divina comédia, terminado em 1321. Ali Dante reconta sua viagem pelos três destinos possíveis após a morte: o Inferno, o purgatório e o Céu”.
O escritor partindo do inferno em direção ao Céu atravessa todas as esferas celestes, na ordem estabelecida por Aristóteles.
Os teólogos medievais estavam preocupados em criar argumentos capazes de reconciliar as ideias aristotélicas com o dogma cristão, mas o cosmo aristotélico era eterno e sem criador, ao invés para os cristãos o Universo foi criado por Deus e a vida na Terra terminará no dia do Juízo Final.
Gostou do artigo? Comente, compartilhe e envie uma mensagem para que juntos possamos estudar este e mais assuntos.
Forte abraço e até o próximo conteúdo.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.