Refletir sobre a formação dos professores torna-se cada dia mais urgente, tendo como ponto de partida a escola como principal centro de educação da sociedade moderna.
Apenas nos primeiros movimentos deste momento histórico que começamos a compreender da conhecida Pandemia, apenas em Santo André, cidade do ABC Paulista a rede municipal de ensino recebeu no ano de 2022 mais 46 mil alunos em sua rede oriundos das escolas particulares.
Como garantir que estes alunos recebam ensino de qualidade tendo em vista o descaso e o desrespeito com a figura do professor?
Partindo da análise do artigo das Doutoras Pura Lúcia Oliver Martin e Doutora Joana Paulin Romanowski, disponível aqui, é possível estabelecer uma das origens para os desafios que temos na formação dos professores.
Em detrimento da didática na formação destes docentes, revela-se para a economia de mercado que o professor domine conhecimentos práticos e técnicos.
Dermeval Saviani em suas obras traz a nós reflexões sobre a temática do ensino. Em detrimento dos saberes do professor, quase sempre o mercado leva o professor a ser um técnico do ensino e não um mestre em seu saber.
Alarcão na obra Formação Reflexiva de Professores, reflete sobre o pensamento de D. Schon, trazendo a questão da formação de professores como central enquanto compreensão de que o professor sim desempenha um papel profissional, mas detém em si a práxis e a didática de quem interage na formação humana.
“..a atividade profissional, feita por Schön, salienta o valor epistemológico da prática e revaloriza o conhecimento que brota da prática inteligente e reflexiva que desafia os profissionais não apenas a seguirem, mas sim a serem protagonistas do saber..”
Enquanto olharmos o ensino apenas como um produto do capitalismo, estaremos deteriorando a educação e minando os saberes dos professores.
Leia também: A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NAS ESCOLAS
O PROTAGONISMO DO SABER DO PROFESSOR REFLEXIVO NA DIDÁTICA
Os desafios na formação dos professores estão associados à nossa dificuldade em entender e valorizar o papel do professor. Acredito que esse seja o maior desafio da nossa geração para que o professor passe do papel subalterno que hoje ele tem em nossa sociedade e passe a ter o protagonismo que merece.
Penso que o professor deveria ser reflexivo estando em contato constante com a realidade do mundo e compreendendo as dobras do tempo e das realidades.
Se por um lado não posso profissionalizar a docência negando seu saber, não posso também negar o conhecimento técnico e experiência como saber possível para a docência.
Desta maneira, podemos compreender que os saberes docentes do professor são maiores que suas competências. As competências estão como centralidade, pois estão ligadas ao fazer.
Estamos perante um momento crucial da história dos professores e da escola pública. Precisamos repensar, com coragem e ousadia, as nossas instituições e as nossas práticas de didática. Se não o fizermos, estaremos a reforçar, nem que seja por inércia, tendências nefastas de desregulação e privatização. A formação de professores é um problema político, e não apenas técnico ou institucional.
Mas como estamos em um texto crítico, somos parte essencial dessa mudança e gosto sempre de utilizar uma frase que eu próprio construí, “As mudanças começam com uma geração insatisfeita”.
Que possamos ser mais que insatisfeitos, mas agentes das mudanças.
Gostou do artigo? Comente, compartilhe e envie uma mensagem para que juntos possamos estudar este e mais assuntos.
Forte abraço e até o próximo conteúdo.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.