O ESBULHO TERRITORIAL CONTRA OS POVOS AFRICANOS E INDÍGENAS

Entende-se por esbulho a retirada forçada do bem de seu legítimo possuidor, que pode se dar violenta ou clandestinamente.

Neste caso, o possuidor esbulhado tem o direito de ter a posse de seu bem restituída utilizando-se, para tanto, de sua própria força, desde que os atos de defesa não transcendam o indispensável à restituição.

A fórceps os povos africanos foram retirados dos seus territórios de origem e aprisionados em um novo continente.

No Brasil como em outros países, os diversos grupos étnicos estabelecem alianças e estratégias para sobrevivência e preservação de identidades culturais, que passavam por processos de transformações.

Esse processo está ligado também à reterritorialização desses indivíduos em novos espaços, o que exigiu a ressignificação de suas práticas culturais, religiosas, linguísticas e sociais.

No caso do Brasil, as fugas e a formação de quilombos durante o período da escravidão configuram-se como uma importante forma de resistência e reterritorialização.

Nesses espaços os negros recriavam e adaptavam algumas formas de organização da África e ficavam fora das imposições e explorações senhoriais.

Em alguns casos, como o exemplo de Palmares, tinham a presença de indígenas e brancos pobres, o que nos permite acreditar que suas redes de relações eram bem mais dinâmicas do que parece.

DA MÃO DE OBRA BARATA A RECONSTITUIÇÃO DA SUA IDENTIDADE

Após escravidão o que vimos foi aos poucos a aceitação das populações africanas como marginalizados e de certa maneira uma mão de obra barata.

O processo de recomposição étnico cultural torna-se um sonho distante, uma vez que muito além do território usurpado o novo modelo de vida usurpa na sua grande maioria a essência, cultura e costumes.

A luta pelo seu espaço territorial também deve estar alicerçada na reconstrução das suas origens e modo de vida. Respeito às tradições, religiões e conexões.

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O ESBULHO DOS POVOS INDÍGENAS CONTINUA ACONTECENDO SEM QUE NADA FAÇAMOS

As populações indígenas também passaram por inúmeros processos de expulsão de terras, migrações forçadas ou não, e diminuição de seu território.

A conquista territorial na América portuguesa fez-se com guerras violentas, acentuadas após o esgotamento das relações de escambo utilizadas nas três primeiras décadas do século XVI.

Com o avanço português tornavam-se comuns os descimentos (expedições que transferiram os índios das aldeias de origem para as aldeias coloniais).

Estava aí o claro ensejo de tentar encaixá-los nos padrões ditos “civilizados” dos europeus. Muitos desses aldeamentos não deram certo, devido à resistência indígena, outros foram ressignificados pelos índios de acordo com suas práticas culturais.

A Lei de Terras de 1850 também contribuiu para a expropriação das terras indígenas, embora determinasse que parte das terras ditas devolutas deveriam ser reservadas para os índios. Isso não resultava na proteção do território indígena, mas, ao contrário, consistia em estabelecer o “lugar do índio” para garantir o avanço de propriedades particulares.

Em nossos atuais dias o que presenciamos é a retomada da mudança de leis que até então ofereciam o mínimo de garantias aos povos indígenas.

Como se isso por si só já não fosse o bastante, assistimos nos nossos sofás nas salas das nossas casas a destruição contínua das nossas florestas ou a poluição dos rios pelo garimpo clandestino e assassino sem que nada seja feito.

Os sinais do governo são claros. Queremos o fim destes povos, pois eles impedem o crescimento da exploração da floresta.

O fim parece iminente, já que as consequências são enormes para o clima e a vida. Mas como a destruição está no quintal do vizinho, quando faltar água e comida na minha casa talvez eu faça algo.

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Forte abraço e até o próximo conteúdo. 

SOBRE O AUTOR

Benício Filho

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.    

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.