A ESTÉTICA URBANA COMO FERRAMENTAS NA EDUCAÇÃO

Seria muito difícil imaginar um mundo em que não fossemos mais capazes de perceber o belo, o estético e o artístico que nos cerca. Que fosse retirado nossos olhos antes que perdêssemos a capacidade de compreender estas representações do homem.

Enquanto seres que pensam, somos acima de tudo espécie que ao longo da sua jornada neste planeta construiu dentro das suas capacidades a de se expressar através das manifestações artísticas. Elas em si já resultam em diversas formas de entender uma nação, a sociedade, pensamentos, críticas ou ainda demonstração de ideias e posicionamentos.

O filósofo, tem como obrigação a tentativa de compreender a arte. Através da estética, somos convidados a olhar além do que está exposto. Para a educação, este olhar leva sensibilidade e maior percepção da realidade.

Como educadores, devemos ter na relação com a arte uma forma segura de levar aos nossos alunos a conexão com ambientes, pensamentos e movimentos que muitas vezes parecem longe da sua vida cotidiana.

NAS CIDADES A ARTE É ONIPRESENTE

Moro na capital paulista, caminho pelas ruas desde muito criança. Sempre percebi monumentos e intervenções artísticas como uma das maravilhas de estar neste ambiente urbano. No momento que escrevo este material vejo pela minha janela uma das torres da Catedral da Sé.

Construída em estilo neogótico, demonstra em sua arquitetura e torres todo o esplendor deste importante movimento artístico. Considerada o quarto maior templo do mundo neste estilo por muitos atributos, pode ser considerada única.

Não muito distante da minha visão também encontro o bairro da liberdade. Todo em referência a importante colonização japonesa demonstra em suas construções e iluminações urbanas a beleza e a sabedoria deste povo.

Mas será um artista paulista o objeto do meu comentário maior sobre o tema proposto. Eduardo Kobra é um artista brasileiro, nascido em São Paulo. Começou sua carreira como Street Art, depois se tornou um Muralista. Também criou obras que simulam as dimensões. Kobra se tornou conhecido pelo projeto Muro das Memórias na cidade de São Paulo em 2007, onde retrata cenas antigas da cidade.

Kobra é Autodidata, muralista admite que aprendeu e desenvolveu sua arte ao observar a obra de artistas que admira. Do misterioso expoente da street art Banksy, britânico cuja identidade jamais foi revelada, a nomes como o norte-americano Eric Grohe (1944-), o também norte-americano Keith Haring (1958-1990) e o mexicano Diego Rivera (1886-1957).

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A ESTÉTICA URBANA: NOVE OLHARES DA PAZ

Sou imensamente grato por poder ter a sabedoria de perceber a arte e contemplá-la. Em Os nove olhares da paz, Kobra faz sua referência a nove prêmios Nobel da paz.

O painel é uma celebração à paz, a união dos povos, celebrando um mundo sem fronteiras simbolizado por personagens vencedores do Prêmio Nobel da Paz como Albert Einstein, Nelson Mandela, Malala Yousafzai, Madre Teresa de Calcutá e Dalai Lama. As imagens das personalidades foram retratadas com traços coloridos e lúdicos, características marcantes de Kobra.

Já percorri a cidade tirando fotos e tentando compreender o que ele pensava quando fez a obra que estava a minha frente, queria demonstrar a quem pretende-se entender ou tocar mesmo superficialmente na sua sensibilidade?

Kobra

A cada obra, fico imaginando quantas oportunidades perdemos por não perceber o quanto existe muito perto de nós. A questão não é viajar para conhecer algo, a questão é abrir os olhos e começar a viajar com o que está a sua frente.

Este é um ativo único da arte. A história, período, expressão podem ser compreendidas e apuradas justamente através dos olhos de quem a produziu. Como filósofos e educadores, cabe a cada um de nós jamais ignorar esta importante forma de expressão.

Nossas cidades são ricas em expressões artísticas e quase que independe da matéria ou curso que estamos ministrando, caminhar por determinado local da cidade ou visitar um determinado espaço já poderia contextualizar uma excelente dinâmica de aprendizado sobre a estética urbana.

Com todos os recursos tecnológicos de hoje, para começar uma bela viagem pelas obras basta em muitos casos apenas clicar o dedo na tela do celular.

Coragem de abrir os olhos, criatividade de provocar e sabedoria para dialogar são os componentes deste universo da arte. Para entrar neste mundo, basta apenas começar. 

SOBRE O AUTOR

Benício Filho

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.