FÍSICO OU DIGITAL? O NOVO NORMAL É FISITAL

Fisital! O mundo realmente está mudando e o que parecia ser físico passou a ser digital, mas nem tudo que é digital pode ser alterado para o físico. Como ficamos então? Tenho certeza de que assim como eu, você que está começando a leitura deste artigo tem a mesma impressão em relação a tecnologia.

Vivemos em um mundo em que a tecnologia está em tudo e em todos os lugares. Essa é uma constatação ainda mais evidente quando olhamos ao redor e todos estão plugados em seus dispositivos móveis, que não são mais celulares, mas sim portas de acesso a um mundo enorme de conexões e possibilidades.

Eu não posso dizer que nasci plugado como vejo meus filhos hoje. Aprendi a utilizar a tecnologia e boa parte das inovações dos últimos 30 anos, acabei sendo quase um bandeirante em termos de utilização delas no dia a dia.

Como eu, você também deve ter se sentido quase uma referência entre os amigos, família ou as pessoas ao meu redor. Quantas vezes fui chamando de nerd. Nem era um elogio no nosso tempo, hoje é até bacana ser chamado assim, e com todas mudanças que vivemos, reconheço chegada de uma nova era, conhecida como Fisital.

Quando o digital chegou, começamos a senti-lo no dia a dia, na forma de ouvir música com o surgimento dos primeiros mp3, nas trocas de arquivos, com a maior capacidade de discos e formas de armazenamento e tínhamos a internet começando a chegar com algumas facilidades e acessos a diferentes conteúdos.

DESMATERIALIZAÇÃO, NEM TUDO MAIS PODIA SER PEGO COM A MÃO

É este processo em que muitas das coisas que tradicionalmente tínhamos acesso com as nossas mãos foram literalmente conectadas em nossas vidas, iniciamos o método chamado de desmaterialização. Muitos segmentos não perceberam ou mesmo não acreditaram em sua forma e acabaram perdendo o processo de inovação que estava ocorrendo.

Um exemplo interessante são as máquinas fotográficas. No final dos anos 80 a maior empresa no mundo deste segmento era a Kodak. Um ser humano com mais de 30 anos com certeza se lembra desta empresa e de seus produtos. As incríveis caixinhas amarelas que continham os famosos filmes de 16, 24 ou 36 poses! O físico era o centro deste produto e de toda sua cadeia.

A Kodak, teve dentro do seu departamento de engenharia e desenvolvimento de produtos, a criação do modelo de câmeras digitais e era dona das principais patentes desta tecnologia.

Um dia que ficou nos anais da história da inovação, um engenheiro apresentou o modelo de câmeras digitais dizendo que esta seria a nova tendência e ouviu dos seus superiores: “Você está louco??? Temos 90% do mercado de filmes fotográficos. Este mercado é nosso!”.

Acredito que não preciso dizer o final desta história. A Kodak menos de quinze anos depois foi vendida e falida apenas pelas patentes que detinha. Até chegaram a lançar uma câmera digital, porém chegaram tarde demais. Um império todo foi desmontado pela entrada de novas tecnologias digitais.

O DIGITAL SURGE CRIANDO OPORTUNIDADES E REDUZINDO IMPACTOS NA TERRA

Muitas das tecnologias que utilizamos em nosso dia a dia, são reflexo de inovações em processos ou novas abordagens utilizando tecnologias digitais. O exemplo da Kodak pode ser comparado a muitos outros segmentos.

Como nos relacionamos, por exemplo com os médicos, com as compras que fazemos no dia a dia ou ainda com a comida quem compramos. O digital trouxe novas possibilidades criando empresas e negócios que utilizam tecnologia em seus procedimentos, compartilhando recursos, reduzindo custos e impactos ao planeta.

Em alguns momentos, temos a impressão de que tudo será digital, porém é justamente neste ponto que podemos cometer um grande erro. Sem nenhuma dúvida, precisamos do modelo digital para termos produtos e serviços mais eficientes, reduzindo matéria-prima e recursos, porém somos seres humanos.

Nossa relação com quase tudo é baseada em uma dinâmica de posse. Precisamos sentir, tocar e literalmente interagir no cotidianamente com as coisas e com as pessoas para nos sentirmos vivos.

Se por um lado o modelo digital não será resposta para tudo e o modelo físico por outro lado levou o mundo ao consumo de recursos muito maior do que a terra pode ofertar aos seus mais de sete bilhões de habitantes, qual então é o caminho que devemos seguir?

A PANDEMIA NOS MOSTROU QUE O MODELO FISITAL PODE SER O MELHOR CAMINHO

Ainda não é possível tirar todos os aprendizados da pandemia que o mundo vive. Mas assim como eu, você já sabe que a tecnologia foi um grande facilitador da transformação digital das nossas vidas, não se engane.

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Passaremos por este momento e não será apenas o digital que prevalecerá. Como já comentei, precisamos do contato físico. Teremos em um modelo híbrido, o provável caminho que seres humanos irão trilhar.

Chamamos de fisital o modelo em que o físico está presente, principalmente, como experiência e o digital consolidando a relação de consumo. Negócios, relacionamentos e construção de valores, têm no digital sua possibilidade de redução de custos, escala e inovação.

Pense nas lojas que se multiplicam pelo mundo em que você visita, experimente seu produto, sente ele de perto, mas não leva. Ele será entregue na sua casa. Este é um dos muitos exemplos do fisital. Redução de estoques e diminuição de espaço, mas concentração na experiência com o consumidor.

Sua empresa hoje, pode sem dúvidas ter um modelo híbrido tendo como base o fisital. Com boa parte dos colaboradores em home office, você melhora a qualidade de vida de muitos deles, reduzindo por exemplo o tempo de deslocamento em trânsito, aumentando o tempo com a família e gerando uma redução brutal em custo.

As ferramentas tecnológicas que a Ravel tem como produtos e serviços, criam em ambientes coorporativos condições para que este trabalho seja feito com segurança, produtividade e conforto.

Em outra vertente a presença física dos negócios se faz mais que necessária para a concretização dos relacionamentos comerciais, sejam eles com clientes e fornecedores. Seus produtos e serviços precisam ser mostrados ao mundo e não mudamos a forma de nos relacionarmos. Precisamos do físico.

Pode parecer ainda novidade pensar no fisital, mas devemos levar como exemplo o momento que vivemos. O grande responsável pela transformação digital foi a pandemia, e como empresários não podemos esperar estes momentos para compreendermos as mudanças que estão ocorrendo a frente dos nossos olhos.

SOBRE O AUTOR

Benício Filho

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.