Quando falamos em humanismo pensamos logo nas palavras humanidade, humano e homem. É inegável que ela é uma palavra muito usada na história do pensamento e por isso se tornou vaga, “tanto que hoje o humanismo pode aplicar-se a quase todas as ideologias modernas e contemporâneas”.
Podemos partir dos pressupostos do humanismo segundo a visão cristã, que enfatiza o valor do homem como pessoa, ou seja, como “princípio autônomo e individual de consciência e responsabilidade, aberto à plenitude do ser e ultimamente orientado para Deus”.
Em Descartes, Kant e Hegel, temos o humanismo moderno que faz da subjetividade do homem seu ponto de partida, o centro de perspectiva e construção de toda a realidade.
E finalmente, a concepção de humanismo contemporâneo cada qual com as suas reivindicações para o homem. Antes os estudos estavam todos baseados na religião, mas com esses novos tempos os pensadores começaram a estudar o próprio homem como ser racional superior às demais criaturas, essa nova forma de interpretar o mundo ficou conhecida como humanismo.
O HUMANISMO NEOPLATÔNICO E A REABILITAÇÃO DE PLATÃO
O humanismo neoplatônico é marcado pelo retorno aos textos clássicos. Alguns pensadores da época retomaram para si o platonismo e isso trouxe uma atmosfera inconfundível.
Muitos humanistas procuraram ler e entender os filósofos em seu texto original. “Até o renascimento, o Ocidente praticamente não conhecia as obras de Platão. O que se sabia dele vinha mais dos comentários que se faziam a seu respeito do que das poucas obras que haviam chegado”.
Porém, alguns manuscritos gregos, comprados em Constantinopla, mudaram esse cenário. Foram levados para Florença em meados de 1430, nesses manuscritos estavam nada mais nada menos que a obra completa de Platão. Foi fortíssimo o impacto dessa descoberta. Foi traduzido boa parte desses escritos. A partir daí a história do pensamento tomou um novo rumo.
“Se, na idade média, a escolástica incorporou o aristotelismo ao cristianismo, no Renascimento a oposição a esses “tempos obscuros” fez-se a partir dessa “reabilitação” de Platão”.
Podemos citar como filósofos deste movimento, o alemão, Nicolau de Cusa (1401-1464) e o Italiano Giovanni Pico della Mirandola (1463-1495).
Nicolau de Cusa se sobressai devido à sua perspicácia nas intervenções e ao demonstrar um posicionamento renascentista ao tentar conciliar as várias seitas religiosas em que se divide o cristianismo, revelando uma preocupação com as tolerâncias religiosas.
Num determinado momento afirmou publicamente que Deus e o Universo eram a mesma coisa, pois ambos eram infinitos. Não tardou para que fosse acusado de panteísmo e foi sentenciado a vários anos de prisão. Após se retratar e mudar de opinião foi eleito Cardeal e Bispo de Brixen, consequentemente vigário-geral de Roma.
Nicolau merece destaque com suas questões relacionadas a Deus e/ou universo, a Douta Ignorância e o homem como microcosmo de Deus.
Pico através da Cabala tenta conciliar fé e razão na análise da religião e das doutrinas.
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ENQUANTO EM FLORENÇA O PLATONISMO FERVILHAVA EM PÁDUA FLORENÇA O ARISTOTELISMO
Como expoente desse pensamento, Pietro Pomponazzi (1462-1525). Considerado, por muitos aspectos, como o mais interessante dos aristotélicos, fez um estudo filológico das obras de Aristóteles, formulando a negação da imortalidade da alma em uma obra intitulada – De immortalitate animae.
Ao propor essa tese desencadeou um abalo sísmico no dogma da imortalidade da alma, difundido fundamentalmente pelos platônicos, servindo de sustentáculo pelos cristãos.
Todavia, essa negação não seria uma tentativa de desconstruir em absoluto a imortalidade da alma, o que Pomponazzi pretendia era negá-la como uma “verdade demonstrável com segurança pela razão”.
Tentando evitar qualquer conflito com a Igreja, ele faz uma nítida distinção entre filosofia e religião, ou melhor dizendo, razão e fé alegando que assuntos como a imortalidade da alma seriam artigos de fé, por isso deveriam ser provados pela revelação e as escrituras canônicas.
Segundo Pomponazzi, o homem possui uma alma intelectiva imanente que é o princípio do entendimento e do querer. Essa alma possui a capacidade de conhecer o universal e o suprassensível, porém, esse conhecimento não se dá separadamente dos sentidos.
Sendo assim, a alma não pode prescindir do corpo, nascendo e perecendo ela é uma parte nobre integrante desse conjunto que é o corpo, encontrando-se no limiar entre o material e o imaterial.
Entretanto, quando se trata de assuntos da vida moral, Pomponazzi sustenta que a concepção da “mortalidade da alma” contribui melhor para salvar-se do que a tese da “imortalidade da alma”.
Semelhante ao que defendia Sócrates, o filósofo italiano acredita que a felicidade se constitui na própria virtude, portanto, aquele que é bom está corrompendo a virtude submetendo suas atitudes almejando tão somente as recompensas de uma vida após a morte.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.