HUSSERL E GADAMER: CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS

Temos como proposta, pensar as convergências e divergências entre os pensamentos de Husserl (1938) e Gadamer (2002).

Importante mesmo que brevemente, comentar o pensamento destes dois expoentes de importantes movimentos.

Husserl em sua fenomenologia fundamenta o conhecimento dos fenômenos da consciência. Para ele, o mundo só pode ser compreendido a partir da forma como se manifesta, ou seja, como aparece para a consciência humana. Não há um mundo em si e nem uma consciência em si.

Como um método de investigação, sua fenomenologia tem o propósito de apreender o fenômeno, isto é, a aparição das coisas à consciência, de uma maneira rigorosa.

O campo da fenomenologia começou em 1901, quando Husserl publicou as “Investigações lógicas”, seu primeiro grande trabalho, que analisou as relações entre atos mentais e seus referentes externos.  Como, por exemplo, alguém pode odiar ou amar um objeto, ou ideal de pensar”

GADAMER E A HERMENÊUTICA

Para Gadamer, a hermenêutica não é uma arte ou uma forma instrumental de compreensão, mas algo transcendental. Gadamer mostrou na sua teoria que a experiência hermenêutica está muito além do controle da metodologia. Trata-se, portanto, de um saber filosófico e não metodológico.

A noção de compreender é o centro da elaboração do pensamento hermenêutico gadameriano, sendo que tal atitude epistemológica não se reduz ao comportamento de objetivação frente ao objeto dado. Compreender consiste num movimento de pertencimento do sujeito ao ser daquilo que é compreendido.

Assim, entendemos que a hermenêutica é um campo da filosofia que, além de apresentar um foco epistemológico, também estuda o fenômeno da compreensão por si mesmo (evidência que demonstra ser ele adepto da hermenêutica fenomenológica).

Diferentemente de Husserl, que lutou parte de sua vida contra a própria incredulidade, a questão central para Gadamer “se tratava do homem que compreende o outro”.

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HUSSERL E GADAMER: CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS

É importante frisar que a hermenêutica possui vários tipos de abordagens, nem tanto a divisões históricas, mas distintas quanto à questão da interpretação. Iniciou-se como exegese bíblica. Após este primeiro aparecimento surgiu o método histórico-crítico da teologia.

Posteriormente surgiram outros enfoques. Heidegger (1889-1976) se preocupou com as dimensões ontológicas da compreensão. Uma interpretação sobre o próprio ser e Gadamer no encontro do ser por meio da linguagem. A hermenêutica também se aproximou da fenomenologia e dos sistemas de interpretação dos mitos e símbolos.

Num certo sentido, é verdade que Heidegger pode ser tido como um pensador teológico e sua filosofia apresenta paralelos íntimos com a teologia especulativa ao passo que Gadamer na sua concepção de experiência estética, enquanto experiência da obra de arte.

Assim, para Husserl, pensar é exercer e exercitar a fenomenologia da consciência. Já para Heidegger, pensar consiste em encontrar-se no Dasein com o Dasein, com a Presença na fenomenologia de todo e em todo fenômeno.

Para Heidegger, a fenomenologia husserliana era mais um projeto que havia perdido a historicidade essencial da natureza humana. Em sua obra O ser e o tempo (1927), para descontentamento de Husserl, Heidegger supera o conceito de consciência e propõe o conceito de Dasein.

Dasein é conceito, é essência propositiva, é crença que se mantém e se renova ao longo da nossa narrativa. Dasein, do alemão, [‘da:zain], nos leva a significados ricos e férteis, como existência e presença em sua tradução mais literal.

SOBRE O AUTOR

Benício Filho

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.