LIBRAS UM MUNDO A SER CONHECIDO

Existe um mundo a ser descoberto quando estamos falando de comunicação com pessoas surdas. Apesar de datarem de mais de cem anos os movimentos de acesso à educação deste grupo, apenas nos últimos trinta anos percebemos um incremento nas técnicas e nas formas de inclusão.

As abordagens educacionais para surdos no Brasil, assim como no restante do mundo, foram fortemente dominadas pelo oralismo que aos poucos veio perdendo força em virtude do baixo aproveitamento do surdo.

Outras abordagens, como o Bimodalismo e o Bilinguismo ocuparam seu lugar levando uma nova possibilidade de compreensão.

Vamos abordar aqui as principais características do Oralismo, Comunicação Total e o Bilinguismo.

ORALISMO:

Oralismo é um método de ensino para surdos, defendido principalmente por Alexander Graham Bell (1874-1922). Este método considera que a maneira mais eficaz de ensinar o surdo é através da língua oral ou falada, utilizando treino da fala, da leitura labial (oralização) e treino auditivo.

O método oralista tinha como objetivo levar o surdo a falar e a desenvolver competência linguística oral, o que lhe permitiria desenvolver-se emocional, social e cognitivamente, do modo mais normal possível, integrando-o ao mundo dos ouvintes.

Além disso, de modo coerente, o método oralista destacava a importância da aquisição da oralização como fundamento para a conquista da leitura e escrita alfabética, que para a sociedade era importante.

COMUNICAÇÃO TOTAL:

A Comunicação Total defende a utilização de inúmeros recursos linguísticos, tais como, a língua de sinais; linguagem oral; códigos manuais, entre outros. Todos eles são facilitadores de comunicação com as pessoas surdas, privilegiando a conversação e a interação entre as línguas (orais e sinalizadas).

Essa filosofia apresentou aspecto positivo como também aspecto negativo. Ela foi positiva, porque ampliou a visão do surdo, não ficou apenas na oralização que para alguns era muito difícil e auxiliou no processo da utilização dos códigos espaços-visuais.

O ponto negativo é que no decorrer do processo ocorreu a desvalorização da língua de sinais, a cultura surda e foram criados vários códigos diferentes da língua de sinais.

Sem dúvida a Comunicação Total ajudou a melhorar o desempenho acadêmico das crianças surdas, pois, esse sistema de sinais podia basear-se no vocabulário da língua de sinais, adicionando a ele aspectos da língua falada, ou então, podia adotar um vocabulário artificial.

Sua característica mais importante era a produção dos sinais em ordem, assim como na ordem da produção das palavras da língua falada, produzida simultaneamente.

Os adeptos do bimodal estavam preocupados com os aspectos de formação da própria identidade surda, pela integração da comunidade, adaptação nos trabalhos educacionais e mais, a verdadeira integração na sociedade ouvinte e poder receber um lugar como cidadão, serem vistos como seres competentes.

O desenvolvimento das crianças surdas melhorou com o Bimodalismo, sua comunicação ficou mais fluente e não prejudicou a comunicação oral, como acreditavam. O desempenho acadêmico melhorou, porém, nem todos os problemas foram resolvidos.

Leia também: A ESCOLA E OS DESAFIOS QUE VIVEMOS ATUALMENTE

BILINGUISMO:

Como proposta educacional, o Bilinguismo ganhou força nos inícios dos anos 1960, nos Estados Unidos da América e foi implementado, em 1979, em Paris, quando Danielle Bouvet iniciou a sua primeira turma bilíngue, em que a Língua Gestual Francesa foi ensinada como língua materna dos Surdos e a Língua Francesa como segunda língua.

O Bilinguismo tem como pressuposto básico a necessidade do surdo ser bilíngue, ou seja, este deve adquirir a Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos, como língua materna e como segunda língua, a língua oral utilizada em seu país.

A preocupação atual é respeitar a anatomia das línguas de sinais e estruturar um plano educacional, que não afete a experiência psicossocial e linguística da criança surda.

A língua de sinais é uma língua natural adquirida de forma espontânea pela criança surda em contato com outras pessoas que usam essa língua, se a língua oral é adquirida de forma sistematizada, as pessoas surdas têm o direito de ser ensinadas em língua de sinais.

A proposta do Bilinguismo busca esse direito.

A língua portuguesa não será a língua que acionará naturalmente o dispositivo, devido à falta de audição da criança. Essa criança até poderá aprender essa língua, mas nunca de forma natural e espontânea, como ocorre em LIBRAS.

Inclusão, também passa por compreender todas as formas de comunicação com respeito. 

SOBRE O AUTOR

Benício Filho

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.