OPORTUNIDADE: O MERCADO TÊXTIL EM PORTUGAL

Na Europa, o setor têxtil e do vestuário é muito diversificado, constituído na sua maioria por pequenas e médias empresas, com menos de 50 trabalhadores, os quais representam mais de 90% da força de trabalho, que por sua vez produzem aproximadamente 60% do valor acrescentado, face às grandes empresas.

Segundo o relatório publicado pela Direção-Geral das Atividades Econômicas, os países que mais contribuem para a produção de têxteis na UE são o Reino Unido, a Alemanha, a Bélgica, a Holanda, a Áustria e a Suécia.

É também importante mencionar que a Europa é líder mundial nos mercados de têxteis técnicos/industriais e não-tecidos (filtros industriais, produtos de higiene, produtos para o setor automóvel, médico entre outros), bem como em peças de alta qualidade e de design.

O mercado têxtil em Portugal (Indústria Têxtil e Vestuário – ITV) é uma das mais antigas e tradicionais indústrias e mantém-se como um dos maiores e mais importantes setores empresariais nacionais.

O Setor da Indústria Têxtil e Vestuário tem tido pontos altos e baixos ao longo do tempo, tendo nos últimos anos, denotado um crescimento.

A RETOMADA DO MERCADO TÊXTIL EM PORTUGAL OFERECE BOAS CONDIÇÕES DE INVESTIMENTOS

Após este período a indústria nacional reagiu, havendo um aumento progressivo do setor até que em 2010 se verifica uma forte recuperação da atividade industrial, baseada na conjugação de diversos fatores, nomeadamente, o know-how industrial, a inovação tecnológica, o design, a qualidade, a rapidez e flexibilidade, a fiabilidade, recursos humanos especializados e serviços de elevado valor acrescentado.

Atualmente, as empresas do setor estão cada vez mais investindo em departamentos de I&D e áreas criativas, com designers têxteis e de moda para promover a inovação, ou na colaboração com o sistema científico e tecnológico nacional, entenda-se as universidades e os centros tecnológicos, de forma que possibilitam a transferência de conhecimento e de tecnologia para as empresas.

Segundo os dados publicados pelo Banco de Portugal, no ano de 2019, o setor da fabricação de têxteis englobava 2.054 empresas (menos 30 que no ano homólogo), sendo fundamentalmente constituído por microempresas (63%) e pequenas empresas (27%).

Em termos de volume de negócios, o maior peso é realizado pelas médias empresas do mercado têxtil em Portugal (cerca de 1.666,9M€), seguido pelas grandes empresas (1.114,9M€), controlado pelas empresas com mais de 20 anos de presença no tecido empresarial português (69% do volume de negócios).

Em termos geográficos o setor da indústria têxtil e vestuário apresenta uma grande força na zona Norte do país, cerca de 76,1%, 10,6% no Centro e 9,2% na Área Metropolitana de Lisboa.

Os restantes 4% encontram-se repartidos entre as zonas do Alentejo, Algarve e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

O mercado têxtil em Portugal é caracterizado por ser uma indústria fortemente exportadora (cerca de 85% da sua produção) e há semelhança de quase todos os setores da economia, sofreu um duro abalo devido à pandemia da Covid-19.

Para além do impacto na economia portuguesa, que naturalmente afetou este setor, é importante ressaltar que os maiores clientes das empresas têxteis nacionais se encontram nos mercados europeus que mais sofreram com a Covid-19, como é o caso da Itália e Espanha.

Segundo o Jornal Público, em termos genéricos a indústria têxtil em Portugal terminou o ano de 2020 com quebras nas exportações algures entre os 15% e os 20%.

AS TENDÊNCIAS DO MERCADO TÊXTIL EM PORTUGAL

TENDÊNCIA (1) – AUMENTO DA SUSTENTABILIDADE

Assim como em tantos outros setores, o foco na sustentabilidade é uma tendência cada vez mais vigente, assim como a conscientização dos consumidores por práticas mais sustentáveis.

Um estudo da Unilever concluiu que 33% dos consumidores procuram ativamente e compram marcas responsáveis em termos ambientais e sociais.

Perto de 12 milhões de toneladas de resíduos têxteis têm como destino, todos os anos, os aterros. O setor da moda é o segundo maior consumidor de água e poluente, tendo ainda processos de produção a emitir CO₂ e outros gases de efeito estufa.

Apesar de mais de 99% da roupa deixada fora pode ser reciclada e reutilizada, mais de 85% acabam sem um sendo um dos fatores de maior impacto, a água pode ser reutilizada em alguns procedimentos ou combinada com soluções químicas que a tornam menos prejudicial quando em contato com o meio ambiente útil de vida.

Leia também: SEGMENTOS INUSITADOS: O MERCADO DE MEL E PRÓPOLIS EM PORTUGAL

TENDÊNCIA (2) – ECONOMIA DE PARTILHA

Não sendo uma novidade no mundo da moda, a economia da partilha, ou seja, lojas de segunda mão, é uma das tendências que está ganhando tração entre os consumidores ao nível mundial.

Para além disto, marcas existentes no mercado, estão a alterar o seu modelo de negócios para implementar programas que vão de encontro com este princípio.

Neste âmbito, os investidores apostam em serviços com base em dispositivos inteligentes destinados ao mercado de roupa usada.

Em Singapura, a Carousell, uma aplicação para smartphone dirigida a pessoas que vendem artigos em segunda mão, incluindo vestuário, adquiriu um segundo financiamento de 35 milhões de dólares (aproximadamente 33,3 milhões de euros).

Na China, o Alibaba Group investiu mais de 14,5 milhões de dólares no desenvolvimento da Xianyu, uma aplicação para itens usados.

TENDÊNCIA (3) – RECICLAGEM 

Muitos projetos na indústria têxtil utilizam materiais descartados distintos dos seus para gerar fibras sustentáveis.

É o caso da garrafa plástica, que, por meio de processos químicos, pode ser transformada em poliéster, utilizado como matéria-prima na confecção de roupas.

O resíduo da madeira também pode ser trabalhado a partir de um procedimento conhecido como refibra, que utiliza o material para gerar um têxtil de alta qualidade.

Em Portugal, existem diversas iniciativas neste sentido. A JF Almeida usa os desperdícios da tecelagem para criar um novo fio, composto por 90% de algodão e 10% de poliéster, tudo completamente reciclado.

Já a Penteadora usa os desperdícios das fiações do Grupo Paulo de Oliveira, separados por cor e composição, para a linha Reborn, que oferece tecidos 100% lã ou 60% lã/40% poliéster.

Segundo o relatório desenvolvido pela Fundação Ellen Macarthur em parceria com a H&M, Nike e a Fundação C&A, concluiu-se que o aumento da reciclagem representa uma oportunidade para a indústria da moda reaver mais de 100 biliões de dólares em materiais desperdiçados pelo sistema todos os anos, contribuindo dessa forma, para a redução do impacto negativo que os resíduos têxteis têm no ambiente.

TENDÊNCIA (4) – BIODEGRADAÇÃO

A grande motivação de todos os investigadores envolvidos em estudos de biodegradação pode ser manifestada pela busca contínua de microrganismos versáteis, capazes de degradar de maneira eficiente um grande número de poluentes com baixo custo operacional.

Na prática, é possível afirmar que este processo é difícil, principalmente em função da diversidade, concentração e composição de espécies químicas presentes em cada efluente.

Existem, portanto, na atualidade uma série de alternativas para a resolução e degradação dos poluentes químicos originados na produção têxtil, entre os quais fungos e bactérias.

TENDÊNCIA (5) – TECIDOS BIODEGRADÁVEIS

Com tantos resíduos têxteis a ser gerados e permanecendo por longos períodos em aterros, contaminando a natureza, a indústria da moda percebeu a necessidade de buscar práticas menos nocivas.

Foi necessária então a criação de alternativas como os tecidos biodegradáveis.

Estes podem ser feitos de matéria-prima natural (vegetal e animal) ou de fibras artificiais com base natural, como as que são produzidas a partir da celulose. Hoje em dia, existem ainda as fibras sintéticas biodegradáveis, que são quimicamente alteradas de forma a se decompor mais rápido.

A diferença dessas opções para um material têxtil comum, é o tempo de degradação, o qual é relativamente menor. Por se degradar de maneira mais rápida, o material ajuda a diminuir o acúmulo de lixo presente na natureza.

Leia mais: INTERNACIONALIZAR É UMA MARATONA E NÃO UMA CORRIDA DE 100 METROS

TENDÊNCIA (6) – INVESTIMENTO EM I&D

Tal como mencionado anteriormente o investimento feito em I&D ao longo dos últimos anos demonstra um crescimento progressivo, sendo que com as iniciativas implementadas não só ao nível nacional, mas também ao nível europeu, tornam este tipo de atividades uma tendência em si.

Sabendo que ao nível da UE, o setor empresarial continua a ser o principal investidor em I&D, representando 66% do total, seguindo-se o Ensino Superior (com 22%) e o setor governamental (responsável por 11% do investimento em I&D), as empresas procuram cada vez mais apostar em desenvolver, criar e/ou investir em I&D das mais diversas áreas.

Em termos europeus o valor mais alto de intensidade de I&D, em 2019, pertence à Suécia, com 3,39% do PIB investidos, seguida pela Áustria e pela Alemanha, com 3,19% e 3,17%, respetivamente. Segundo o relatório do Eurostat, é ainda possível verificar que, face a 2018, 17 Estados-Membro aumentaram o valor investido. Se considerarmos os dados dos últimos 10 anos, confirma-se um aumento em 19 dos países da UE e diminuições em apenas seis.

Sua atenção a este importante setor no Brasil e como vimos em Portugal pode ajudar a compreender o segmento.

Empreender em Portugal é uma oportunidade para os brasileiros. Se você quiser conversar e compreender mais sobre Portugal, agende um momento para conversarmos e juntos discutiremos seu futuro.

Forte abraço! 

AUTOR:

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.