O SEGMENTO DE TECNOLOGIA SEGUE AQUECIDO EM PORTUGAL

Que o segmento de tecnologia responde por boa tarde das oportunidades para empresas brasileiras em Portugal e pode ser um desdobramento natural para o restante da Europa, isso não é muita novidade para você que acompanha meus artigos.

Mas, essencialmente, o que quero apresentar são dados recentes para ilustrar o que temos apresentado. Portugal oferece oportunidades interessantes para aquele empresário que deseja de forma coerente internacionalizar sua empresa.

Claro que a maturidade para esse processo é fundamental. Tenho certeza, no entanto, que este artigo irá ajudá-lo a compreender o que digo sobre oportunidade em internacionalizar, bem como mensurar o tamanho da oportunidade em questão.

Venha comigo e veja o que quero apresentar a você. 

O SEGMENTO DE TI EM PORTUGAL 

Em 2020, o mercado de TI português foi avaliado em cerca de 8.364 milhões de euros. Em 2021 o mercado disparou e cresceu 17,8%, atingindo os 9.852 milhões de euros. Estima-se que chegue aos 10.000 milhões de euros em 2023. Para 2022, estima-se que cerca de 3,5% do PIB de Portugal será proveniente de receitas do setor das Tecnologias de Informação e Comunicação.

Esta tendência verifica-se um pouco por toda a Europa: espera-se que o mercado de TI na Europa cresça de US$ 50,1 mil milhões em 2020 para US$ 60,4 mil milhões em 2025, com um CAGR de 3,8%.

Em 2021 surgiu um novo paradigma social e econômico. Para além de mais de 50% do PIB já ser influenciado pelo digital, pela primeira vez na história verificou-se uma correlação inversa entre a TI e a economia. Ou seja, mesmo com uma das maiores quebras da história no PIB, o mercado de TI continuou a crescer! Em 2020, apesar da quebra de quase 5% do PIB, o mercado de TI cresceu quase 3%, a nível mundial.

Em Portugal, onde a quebra do PIB foi maior, quase 10%, o mercado de TI cresceu quase 2%. Em 2021 o mercado disparou e cresceu 17,8%! Apesar desta aceleração ser generalizada, ambiciona-se ainda mais para Portugal e para a Europa, havendo cinco pilares chave para o sucesso de Portugal nesta economia cada vez mais digital: 

O tecido empresarial tem que acelerar ainda mais a transformação digital;

Será necessário acelerar ainda mais a Transição Digital no Setor Público; 

Será preciso apostar na criação e atração de mais talento; 

Portugal terá que se posicionar como um HUB para vários ecossistemas digitais e é essencial reforçar o foco na sustentabilidade.

O CRESCIMENTO PARA OS PRÓXIMOS ANOS CONTINUA ACELERADO 

O mercado de TIC crescerá 5% ao ano, entre 2021 e 2025, mas aponta-se para um crescimento de dois dígitos ao nível da 3ª plataforma (Cloud, Mobile, Big Data e social) e aceleradores de inovação (IoT, AR/VR, Robótica, AI). 

Assim, estima-se que, em Portugal, os mercados das tecnologias de 3ª plataforma e dos aceleradores de inovação irão representar uma oportunidade superior a 5.000 milhões de euros em 2022, com especial destaque para o crescimento dos mercados de Cloud, Internet of Things, Big Data e Cibersegurança, os quais registraram taxas anuais de crescimento compostas entre 7-21% no período 2018-2022.

Este crescimento advém do fato de as organizações portuguesas estarem, cada vez mais, a aderir à transformação digital. As empresas têm vindo a reestruturar os seus negócios a nível tecnológico, por forma a obterem, sobretudo, vantagens a nível organizacional, reduções de custos, e agilização de processos. 

Estima-se que em Portugal a transformação digital venha a representar 50% de todo o investimento em TIC até o final de 2025.

Até 2025, para conseguirem responder a requisitos de desempenho, segurança e conformidade, 60% das organizações implementaram serviços dedicados cloud, e 55% das organizações terão migrado os seus sistemas de proteção de dados para um modelo centrado na nuvem.

Atualmente, muitas empresas portuguesas de TI estão a mudar para iniciativas de automação e auto atendimento para resolver a crescente lacuna de competências e falta de profissionais. Em todos os setores, 58% das organizações estão automatizando tarefas e processos e 53% estão capacitando os colaboradores não técnicos com ferramentas de automação para responder às suas próprias necessidades.

EM QUAL ÁREA DE TECNOLOGIA AS EMPRESAS ESTÃO INVESTINDO? 

Em função do crescente foco das organizações na Transformação Digital, estima-se que os gastos em TIC serão cada vez mais financiados por várias áreas de negócio e, em 2022, a despesa TIC financiada pelas áreas de suporte ao negócio ultrapassará a financiada pelos departamentos de TI.

De entre as funções de suporte ao negócio, as áreas de maior investimento serão:

  • Operações específicas do negócio (35% do mercado)
  • Serviço ao Cliente (13% do mercado)
  • Marketing e Vendas (13% do mercado)
  • Finanças e Contabilidade (9% do mercado)
  • Cadeia de Abastecimento (9% do mercado)
  • Recursos Humanos (8% do mercado).

As áreas com maiores crescimentos previstos são o marketing, as cadeias de abastecimento e a área de segurança e risco, todas elas com taxas de crescimento anuais compostas superiores a 5% no período de 2017-2022. Em termos de setores econômicos, praticamente todos os setores apresentaram taxas de crescimento positivas em gastos TIC para o período de 2018-2022. 

Os setores que apresentam taxas de crescimento mais altas são a Saúde, Seguros, Indústria, Retalho, Serviços Profissionais e Bancário.

ALGUMAS TENDÊNCIAS DO SEGMENTO DE TI QUE NÃO PODEM DEIXAR DE SER PERCEBIDAS 

Tendência 1 – Home Office

A falta de mão-de-obra na área de TI e a comprovação do modelo de home office abrem portas para o trabalho remoto internacional, de forma a mitigar as necessidades de colaboradores (especialmente os mais requisitados).

Provavelmente vão existir três zonas principais, de acordo com os fusos horários: uma mais ligada à América, outra à Europa e outra à Ásia, divisão essa que também pode influenciar os salários, consoante a distância a que estão os colaboradores.

O home office é uma das áreas que mais tem crescido, tanto ao nível da oferta e implementação de políticas de trabalho remoto, como da valorização dos colaboradores. A média do mercado totalmente remoto é de 50%, o que faz sentido, tendo em conta a forte componente digital de empresas de TI e as características demográficas da população portuguesa.

A forma flexível com que se está a encarar o trabalho cada vez mais no quando e onde se faz, tornam esta tendência irreversível.

Tendência 2 – Conhecimento de línguas (inglês)

As empresas de hunting cada vez mais têm uma abordagem internacional no recrutamento de candidatos, e existe uma globalização visível na relação que as consultoras têm com os seus clientes, tornando-se assim essencial o conhecimento de outras línguas para além do português. 

Tendencialmente, a procura direciona-se mais para conhecimentos de inglês, devido a sua grande expressão no mercado mundial. Segundo o English Proficiency Index 2020, que avaliou o nível de inglês de 88 países do Mundo, Portugal tem o 7º melhor nível, sendo considerado um país com “Very High Proficiency” (o Brasil ocupou a 60ª posição).

Tendência 3 – Compensações e benefícios não salariais

As organizações procuram cada vez mais diferenciar-se e colocar outros fatores na equação, tais como flexibilidade, bem-estar ou cultura, por exemplo, numa ótica de Employee Value Proposition. Outro ponto relevante sobre o capital humano do setor das TI e Telecomunicações diz respeito à rotatividade de colaboradores. 

As saídas voluntárias das empresas foram, em média, de 11,4% nos níveis técnicos, sendo que a taxa de novos colaboradores atinge cerca de 23%.

Neste sentido, o indicador anual de renovação da força de trabalho neste setor ascende atualmente a cerca de 34%. Alguns exemplos de benefícios e compensações não salariais são:

  • Seguro de vida;
  • Plano de saúde;
  • Dias de férias adicionais;
  • Isenção de horário;
  • Descontos/vouchers em ginásios, clínicas, entre outros;
  • Viatura da empresa;
  • Planos de poupança reforma.

Tendência 4 – Digitalização do tecido empresarial português

O tecido empresarial português tem sofrido uma crescente transformação digital: a pandemia levou 30% das empresas em Portugal a acelerar os seus planos de digitalização e automação. 

No entanto, atualmente só 37% das empresas nacionais têm uma estratégia de transformação digital alinhada com a estratégia global da empresa, enquanto nos EUA este número ronda os 50%.

As grandes empresas são as que têm maior tendência para se digitalizar, com grande tendência para automatizar funções de produção, administrativas, frontoffice e TI. Prevê-se que só em 2030 a maioria do tecido empresarial português conclua o seu processo de transformação digital.

Tendência 5 – Green TI

A Green TI consiste num conjunto de práticas que procura utilizar recursos da computação de forma limpa e eficiente. Dessa forma, esta prática compreende tanto o descarte de lixo eletrônico quanto o layout da empresa.

Dessa forma, empresas interessadas em implementar a Green IT devem seguir passos mais sustentáveis e procurar certificações na área da sustentabilidade tecnológica, para obterem mais credibilidade junto de clientes nacionais e internacionais.

Alguns exemplos:

  • Otimizar sistemas de fornecimento de energia dos Data Centers e melhorar a eficiência dos sistemas de refrigeração;
  • Investir no uso da Cloud;
  • Virtualizar softwares e serviços;
  • Utilizar o acesso remoto;
  • Implementar a utilização de SaaS;
  • Fazer backups na nuvem.

Tendência 6 – Uso do TI para reforço da Humanização e da Tecnologia

Os empreendedores portugueses apresentam uma ideologia na qual consideram que a tecnologia e a transformação digital devem ser desenvolvidas para ajudar os recursos humanos e não para os substituir.

Deste modo, as empresas de TI estão a ser procuradas pelo tecido empresarial português com o intuito de implementar soluções que eliminem os trabalhos que ocupam tempo proveitoso dos colaboradores, como é o caso do Data Mining e do Machine Learning, levando assim ao aumento da produtividade dos mesmos e trazendo mais valias para a organização.

A MATURIDADE PARA INTERNACIONALIZAR É ESSENCIAL NESTE PROCESSO

Posto o cenário de tecnologia apresentado, cabe comentar que embora seja um cenário bem favorável ao empresário de TI, internacionalizar não é vender para outro país, isso é exportar. Internacionalizar pressupõe um posicionamento internacional consistente, proposta de valor clara para o país destino e ações que levem a construção de uma unidade com características próprias mantendo sua essência original.

Internacionalizar pressupõe equipe dedicada a este projeto, investimentos e estudos. Empresário que começa dizendo que quer primeiro clientes para depois estudar o mercado jamais deveria começar a pensar em internacionalização. 

A ilusão de muitos empresários que acham que alguém quer seu produto ou serviço, sem estudar de fato o mercado, gera desconforto e abre portas para aproveitadores. 

O começo deste processo é você entender que ele irá exigir dedicação sua, mas, antes de mais nada, precisamos saber se existe ou não uma oportunidade. 

Estudar seu produto ou serviço em Portugal é o primeiro passo. Para isso, você precisa conhecer o nosso estudo de mercado Market Fit.

Comece hoje mesmo estudando seu mercado conosco e começamos corretamente esta nova fase da sua empresa e da sua vida. 

Dúvidas sempre existem. Marque um momento comigo e vamos juntos conversar para alinhar os próximos passos. 

Tenha certeza de que você está com quem conhece a Europa e construiu bases sólidas em Portugal. Nosso time terá o maior prazer em ajudá-lo neste processo. 

Forte abraço e deixe seu comentário para nós.

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SOBRE O AUTOR

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Black Beans e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.