Um “inocente digital” é frequentemente utilizado para descrever alguém que é inexperiente ou ingênuo em relação ao mundo online, especialmente em termos de tecnologia, mídia digital, redes sociais e segurança cibernética.
Garanto para você que ser inocente digital está muito além de não saber dominar os conhecimentos para utilizar as ferramentas tecnológicas dos dias atuais. Quando os assuntos são os controles das nossas vontades exercidos através dos algoritmos, tenho certeza de que estamos na infância do entendimento do quanto de mal eles nos fazem.
Mas para provocar sua reflexão sobre esta temática e apresentar um livro que poderá, com certeza, ajudá-lo em voos mais altos nesse quesito, vamos a alguns pontos relevantes quanto ao domínio da tecnologia que muitas vezes fogem à nossa compreensão e nos tornam inocentes digitais. São eles:
Falta de conhecimento tecnológico
Um inocente digital pode não ter um conhecimento profundo sobre como funcionam as tecnologias digitais, como smartphones, computadores, aplicativos e redes sociais.
Inexperiência em segurança cibernética
Não compreender os perigos de não ter segurança pode colocar muita gente em perigo. Um inocente digital pode não estar ciente dos perigos potenciais online, como phishing, malware, roubo de identidade e outras ameaças à segurança cibernética.
Inocência em relação à privacidade
Muitas vezes, os inocentes digitais podem compartilhar informações pessoais online sem compreender totalmente as implicações de privacidade e segurança.
Facilidade em ser enganado
Por serem menos experientes, os inocentes digitais podem ser mais suscetíveis a cair em golpes online, acreditando em informações falsas ou sendo manipulados por indivíduos mal-intencionados. Lembro aqui das centenas de vezes que precisei atuar protegendo meu pai de golpes que estavam quase sendo executados em seu celular.
Necessidade de orientação
É importante fornecer orientação e educação adequadas para os inocentes digitais, ajudando-os a entender melhor como navegar com segurança no mundo online, proteger sua privacidade e identificar potenciais ameaças.
Potencial para aprender e crescer
Embora possam começar com menos conhecimento digital, os inocentes digitais têm o potencial de aprender e crescer em sua compreensão e habilidades digitais com o tempo, desde que recebam orientação e suporte adequados.
O CONTROLE DAS NOSSAS MENTES PELOS ALGORITMOS
Até este momento percorremos o que chamamos de inocente digital. Partimos de uma percepção do que é ser inocente digital e nos deparamos com algumas das questões inerentes a esta ignorância moderna.
Se você, assim como eu, acompanhou o nascimento de muitas das tecnologias que hoje praticamente são onipresentes em nosso dia a dia, sabe do que estou falando quando a questão é ficar com os olhos vidrados olhando esta pequena tela que carregamos nas mãos.
Elas levam dentro dos seus aplicativos a chamada identidade digital. Em muitos casos, muitos de nós têm mais vida digital do que na vida real.
Lembro de uma recente pesquisa brasileira dizendo que em 2023 havia no Brasil mais influencers do que engenheiros. O sonho de ser alguém no mundo digital é o sonho da minha geração de ser um bom jogador de futebol.
Bem, eu nunca tive este sonho pois afinal sou ruim pacas com a bola nos pés. Mas se você puder conversar com muitos entre os 12 e 20 anos perceberá que eles nutrem de forma real o sonho de serem alguém no mundo do digital.
O ponto não é se isso é bom ou ruim. O ponto é que vivemos na chamada ditadura dos algoritmos. Se somos o que a nossa timeline mostra, olhe a sua neste momento e diga o que aparece.
Tente fazer uma busca no Instagram e veja quais serão os perfis selecionados. Neste pequeno exercício você já poderá comprovar qual tem sido sua preferência de temas e suas principais buscas.
Outro exercício rápido para medir seu grau de dedicação aos mais viciantes algoritmos é analisar o tempo de uso de cada um dos aplicativos do seu celular. Não me venha com a famosa desculpa de que afinal você trabalha usando eles e é por isso que você tem tantas horas de dedicação.
Você pode inclusive ver quanto tempo fica em redes sociais, por exemplo, fora do trabalho ou mesmo nos fins de semana. Tenho certeza de que ficará assustado.
Ficamos bem mais do que precisamos. Caso algum destes testes que pedi acima deixe você preocupado, existe ajuda em terapias para reduzir nossa dependência do digital. Este tem sido um dos males mais viciantes em tempos de algoritmos experts e IA.
Mas tomar consciência é o primeiro passo para nos libertarmos e termos o controle sobre o digital. Ainda sobre este tema, o livro a seguir pode ser um bom início para você deixar de ser um inocente digital.
DESBUGANDO A MENTE
Como comentei acima, o primeiro passo é tomar as rédeas do uso da tecnologia. Sem que estejamos no controle não adianta discursos. Lembro das sessões em consultório em que o tema mais proferido por viciados em tecnologia é que eles não eram viciados.
Um viciado, quando admite que perdeu o controle, começa a fazer parte da cura que ele precisa. Assim, o que acha de começar a fazer uma leitura bem empolgante sobre o tema?
Na obra “Inocente Digital”, Hugo Santos, amigo e profissional admirável, trata o tema da tecnologia com o olhar de quem sabe o que está dizendo, mas foi a campo para validar.
O livro é fruto de uma pesquisa intensa sobre a tecnologia e seus desdobramentos na vida cotidiana. Mais de trinta participantes respondem a questões e auxiliam nesta que, em minha opinião, é uma das mais relevantes obras sobre nossa vida e o digital.
Em “O Inocente Digital”, desbugamos a mente em um mundo cada vez mais acelerado e digitalizado. Não é trivial pensar e estudar o tema quando estamos, como já disse, mais envolvidos no uso da tecnologia e em seus aplicativos que controlam nosso dia a dia.
Fica a dica de leitura e deixe seu comentário! Ficarei feliz em saber o que este artigo pode ajudá-lo e, caso leia o livro, como foi sua experiência em se debruçar sobre este tema mais que relevante.
Forte abraço e até o próximo conteúdo.
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SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Incandescente e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis, ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.