NÃO SEJA SÓCIO DE NINGUÉM COM QUEM VOCÊ NÃO AGUENTA VIAJAR JUNTO

Quando pensamos em ter sócios, muitas vezes nos concentramos em habilidades, expertise e visões estratégicas.

Mas há um aspecto que poucos consideram e que pode ser decisivo para o sucesso de uma sociedade: a convivência.

Minha experiência pessoal me ensinou que, se não consigo viajar com alguém, jamais deveria cogitar ser sócio dessa pessoa. Uma sociedade de negócios é um relacionamento de longo prazo e, assim como em um casamento, é crucial que haja harmonia, confiança e respeito.

Uma das maneiras mais eficientes de testar a resiliência e o verdadeiro caráter de um parceiro de negócios é simples: viajar juntos.

A experiência de dividir tempo e espaço fora do ambiente de trabalho formal pode revelar muito mais do que se imagina. Neste artigo, vamos explorar seis pontos centrais sobre por que “viajar para conhecer” é uma das estratégias mais eficazes para testar e fortalecer uma sociedade empresarial.

Convivência intensiva revela a verdadeira personalidade

Quando estamos em uma viagem, saímos da nossa zona de conforto. Passamos a lidar com imprevistos, mudanças de planos e situações que nos desafiam de maneiras diferentes.

É nesses momentos que as máscaras caem e conhecemos a essência de quem realmente são as pessoas ao nosso redor.

Se você não suporta conviver por alguns dias com seu sócio fora do ambiente controlado da empresa, como poderá confiar nele em situações adversas nos negócios?

Viajar para conhecer é uma oportunidade de observar a reação do outro diante de dificuldades, atrasos, cansaço e até frustrações. Essas situações extremas são excelentes indicadores de como essa pessoa lidaria com desafios nos negócios.

Aptidão para resolver conflitos e tomar decisões conjuntas

Em uma viagem, os planos podem mudar de última hora, o voo pode ser cancelado e o hotel pode não ser o que esperávamos.

Tudo isso exige uma capacidade de adaptação e, principalmente, de tomada de decisão em conjunto. A forma como você e seu sócio resolvem essas questões diz muito sobre a dinâmica da parceria. É um bom teste para verificar se há equilíbrio nas decisões ou se alguém tenta impor sua vontade sem ouvir o outro.

A habilidade de negociar pequenas coisas em uma viagem, como onde comer ou qual rota seguir, é um reflexo direto da habilidade de negociar aspectos maiores no mundo empresarial. Se essas pequenas decisões causam grandes tensões, é hora de repensar a sociedade.

A convivência prolongada expõe hábitos e costumes

Viagens também são uma forma de entender os hábitos e rotinas do outro. Pequenos gestos que podem parecer irrelevantes em um ambiente corporativo ganham uma importância enorme em uma viagem.
Você descobrirá, por exemplo, se o seu sócio é organizado ou desleixado, se ele respeita os limites do outro ou se é invasivo.

Hábitos como pontualidade, higiene e até mesmo o modo como tratam os outros durante a viagem revelam traços que, em algum momento, podem afetar diretamente o ambiente de trabalho.

Esses detalhes, que podem parecer banais, são indicativos do tipo de relação que vocês terão nos negócios. Viajar para conhecer é enxergar além do currículo e da performance em reuniões.

Criação de memórias e fortalecimento da conexão pessoal

Viajar com alguém não se trata apenas de desafios. Há também momentos de descontração, diversão e aprendizado conjunto.

Essas experiências criam memórias que fortalecem a conexão pessoal e, consequentemente, a relação profissional. Quando você e seu sócio compartilham momentos marcantes, seja uma paisagem deslumbrante ou uma conversa profunda em um café desconhecido, esse laço pessoal fortalece a confiança mútua.

Muitas vezes, os melhores insights para os negócios surgem justamente nesses momentos de descontração. Criar memórias juntos fora do ambiente de trabalho pode solidificar a parceria de forma duradoura.

A viagem testa limites e paciência

Trabalhar em equipe exige uma boa dose de paciência e empatia. Durante uma viagem, é comum que surjam situações que testam esses limites.

Atrasos, filas intermináveis, perrengues e divergências de opinião colocam à prova a capacidade de cada um de manter a calma e lidar com a frustração.

Se, durante a viagem, seu sócio demonstrar falta de paciência ou intolerância, é provável que essas mesmas características se manifestem no ambiente de negócios.

Portanto, viajar para conhecer o outro também é uma forma de avaliar até onde vai a resiliência e a disposição de ambos em lidar com dificuldades de forma construtiva.

A capacidade de se desligar do trabalho também importa

Nem sempre uma viagem precisa ser a trabalho. Muitas vezes, é importante ver como seu sócio se comporta em um ambiente de lazer, longe das pressões empresariais.

Se ele é incapaz de se desligar, de aproveitar momentos de descanso ou de equilibrar a vida pessoal e profissional, isso pode ser um sinal de alerta.

O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é essencial para o bem-estar mental e físico de qualquer empreendedor.

Viajar para conhecer é também observar como seu sócio lida com o tempo livre. Se ele não consegue relaxar e se desconectar, pode ser que traga essa mesma sobrecarga emocional para o negócio, o que, a longo prazo, pode gerar conflitos.

Uma viagem pode dizer mais que anos de convivência no escritório

Viajar com seu sócio é uma das maneiras mais eficazes de conhecer quem ele realmente é. Em um ambiente empresarial, estamos todos, de certa forma, moldados por expectativas e protocolos.

Ao sair desse cenário, é que surgem as verdades, tanto as nossas quanto as dos outros. Se você não consegue se imaginar convivendo com seu sócio em uma viagem, é sinal de que talvez essa parceria precise ser revista.

Afinal, negócios são, acima de tudo, baseados em relacionamentos. E a capacidade de viajar para conhecer é a chave para garantir que você está construindo um negócio com alguém que respeita, confia e admira, dentro e fora do escritório.

Forte abraço e deixe seu comentário para nós.

Leia também: COMO É TER UM SÓCIO PORTUGUÊS

SOBRE O AUTOR

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Incandescente e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis, ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.