O filme, ambientado na década de 1950, conta a história de uma professora de arte que enfrenta as ideias da feminina e tradicionalista Wellesley College, onde as melhores e mais brilhantes jovens mulheres dos Estados Unidos recebem uma educação para se transformarem em esposas e mães.
Katherine Watson é uma recém-formada da UCLA que foi contratada, em 1953, para lecionar História da Arte na prestigiosa escola só para mulheres. Determinada a confrontar os valores ultrapassados da sociedade e da instituição, Katherine inspira suas alunas tradicionais a mudarem a vida das pessoas como futuras líderes que serão.
Ao assistir esta obra alguns pontos chamam a atenção de quem está atento. Primeiro, é que ele é ambientado a apenas setenta anos. Muitos dos que foram educados com esta formação e outras ainda mais conservadoras continuam vivendo entre nós.
Mesmo acreditando que nossas transformações enquanto sociedade são velozes, ainda estão sob a sombra de movimentos ultraconservadores. Segundo a clara distinção proposta pela instituição não há nenhuma dúvida sobre o destino daquelas mulheres. Elas podem ser inteligentes e capazes de realizar qualquer coisa, mas o fim delas será ser dona de casa.
Em minha própria casa tive esta experiência e sei que muitos da minha geração provavelmente também viveram em um lar que suas mães eram donas de casa. Minha mãe mal sabia ler e escrever. Apenas o lar e os filhos eram sua ocupação.
Claro que não devemos sentenciar o ser dona de casa como algo mau, mas podemos sim, considerar que esta seja uma vontade da mulher e não uma opressão ou obrigação imposta pela sociedade, ou qualquer movimento que seja.
A EDUCAÇÃO COMO LIBERTAÇÃO
No avançar da obra, o conflito gerado pela nova professora é evidente. Mas assim como dizemos que o sopro de Deus pode ser percebido para quem está atento, a ação de libertação da qual a educação pode ser um grande fio condutor como também opressor se fez presente.
A visão de mundo da professora Katherine Watson, interpretada no filme por Julia Roberts, traz o sopro de libertação que mencionei. Através da arte, área ensinada pela professora aos pontos novos questionamentos e possibilidades começam a ser evidenciados.
O modo de ensinar de Katherine não é convencional. Ela reluta em utilizar o material proposto e constrói uma nova narrativa das aulas no contexto proposto, mas sabendo onde deseja chegar.
Seu intuito não é criar o caos ou mesmo a desordem como mostramos que foram os desdobramentos das ações do professor Rainer em outro filme já estudo por aqui, A Onda.
Katherine, não se separou do seu rigor acadêmico e a partir do conteúdo proposto, mas com novas abordagens questionou o status quo presente. Este sim, é um movimento que todos nós podemos fazer em sala de aula.
O que de fato liberta nossa educação? Esta é uma pergunta que quantas vezes fica em nossa garganta. Por outro lado, quando iniciado este processo de libertação ele pode ter os desdobramentos que jamais podemos compreender.
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Na obra, Katherine acaba por não suportar a falta de coragem das alunas e mesmo a pressão da instituição para ela mudar os métodos dela e decida por sair da escola. Sua vida emocional também é confrontada entre o velho que não a inspira e o novo que repete o que ela já está cansada de ver e que, na verdade, não tem nada de novo.
Somos muitas fases da vida convidados a mudar. Vejo este movimento como um ciclo e ele se repete também na sociedade. Em muitos dos ciclos, estamos em descompasso com nossa própria vontade. Sabedoria para encarar as mudanças e força para manter as decisões são fundamentais.
A sala de aula não é um lugar em que minha vontade deva prevalecer, mas é importante entender todos os movimentos em ação no mundo e eles por si só já demonstram as transformações que muitas vezes queremos iniciar.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.