Costumo dizer que apenas quando mergulhamos em algo podemos realmente viver experiências e externar aprendizados. Não é possível dizer que sabemos algo sem experimentarmos.
Lembro quando um dos meus sócios dizia que jamais aceitaria trabalhar com uma tecnologia que surgia no Brasil até começar a ver os clientes pedindo por isso e passando a exigir nosso conhecimento sobre o tema.
Pouco tempo depois fechei um bom contrato com um cliente e ele teve que dar o braço a torcer e aos poucos aquilo que parecia distante se tornou um dos serviços mais lucrativos da empresa.
Afinal, não podemos deixar de experimentar algumas coisas na vida apenas porque não nos permitimos avançar uma casa. Claro, que não estou aqui dizendo que tudo deve ser feito. Tem determinadas experiências que não fazem sentido mesmo.
Como dizia o Paulo na bíblia no livro dos Atos dos Apóstolos, “Tudo é possível, mas nem tudo convém”.
Sempre que estou em Portugal, faço experiências profundas da cultura e dos costumes. No mundo dos negócios é a cada novo cliente ou a cada novo desafio um aprendizado enorme.
Lembro recentemente em minha última estadia quantas novas percepções foram possíveis apenas porque eu realmente estava pronto para entendê-las.
Sobre elas inclusive, quero compartilhar contigo cinco coisas que aprendi em Portugal que tenho certeza de que poderão ajudá-lo muito em sua próxima estadia neste incrível país.
Vamos a elas!
PRIMEIRA COISA QUE APRENDI EM PORTUGAL: RESPEITE A CULTURA LOCAL
Este não é um ponto básico e por isso ele abre estes ensinamentos. Somos expansivos por natureza e dia a dia acabamos forjando uma nova forma de relacionamentos em Portugal.
Isso, porém, como o termo que utilizei expressou é a dores duras. Forjar é aquecer o material ao ponto de decomposição dos elementos. No caso do aço, o aquecimento o transforma em líquido. Assim é possível forjar seu formato.
Em Portugal é isso que estamos fazendo com nossa cultura. Em muitos casos, enfiando goela abaixo do português nosso modo de ser. Será mesmo que isso é bom para nós?
Tenho minhas sinceras dúvidas sobre isso. Nada construído sem respeito faz bem ou cria laços verdadeiros. Sinto que já é grande o afastamento de grupos mais tradicionais dos brasileiros.
Também posso relatar vários casos de hostilidade. Claro, nada de agressões, mas um claro posicionamento de que nosso modo de ser incomoda e isso não é mais restrito a uma bronca.
Acredito muito que precisamos urgentemente saber que os estrangeiros aqui, somos nós. Respeitar as diferenças culturais é saudável para todos, mas entendo que ainda mais para nós.
Se queremos viver como no Brasil, precisamos estar no Brasil. Em Portugal, precisamos entender que tudo muda. Tomar cuidado com a forma de se conectar com as pessoas, com os ambientes e protocolos nos diversos momentos sociais é essencial se queremos abrir portas e não as fechar.
SEGUNDA: ESTEJA ATENTO ÀS OPORTUNIDADES
Boa parte das oportunidades em Portugal acontecem em ambientes em que no Brasil não estamos acostumados a dar muito crédito.
Associações são presentes, relevantes e com grande credibilidade. Para participar destes movimentos você precisa estar inserido na cultura local.
Se seu interesse for apenas em vender seu produto ou serviço, tome cuidado. Com uma população de apenas dez milhões de habitantes, em pouco tempo todos conhecem você.
Um exemplo são as oportunidades que existem em franquias do Brasil para Portugal. Temos uma área específica para este modelo de negócios. Mas acredite, nem tudo faz sentido aqui.
Conhecer as associações, entender como elas funcionam e participar dos encontros, pode ser necessária sua dedicação, mas temos neste caminho uma boa oportunidade de negócios.
TERCEIRA: OS PRODUTOS BRASILEIROS ESTÃO ONIPRESENTES EM PORTUGAL
Talvez falar em onipresença seja um grande exagero, mas que os produtos brasileiros estão por muitos lugares em Portugal isso é inegável.
Perceba que o termo onipresença é a capacidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Em teologia, a onipresença é um atributo divino segundo o qual Deus está presente em todos os pontos da criação.
Do metrô em que é possível encontrar tapioca e pão de queijo a restaurantes por diversas cidades e ruas onde você come, feijoada, açaí e tudo mais que pode imaginar do Brasil finalizando com um brigadeiro.
Não é diferente quando falamos de outros produtos. Realmente existe hoje uma grande oferta de produtos brasileiros aqui, mas a pergunta que faço sempre é:
Existe mesmo cliente e mercado consumidor para tantos produtos brasileiros?
Minha resposta quase sempre é NÃO! Muitos empresários brasileiros apenas pensam nas vantagens de vender e ter receita em euros. Mas até vender um produto ou serviço a um cliente com recorrência, existe uma enorme diferença e distância.
Acredito muito nos produtos brasileiros e no mercado europeu, porém sem validar se existe adesão com um bom estudo de mercado, o que realmente sinto é que ainda veremos muitos empresários brasileiros terem prejuízo e voltarem para casa bem mais rápido do que imaginaram.
QUARTA COISA QUE APRENDI EM PORTUGAL: DENSIDADE DE EMPRESÁRIOS É ESSENCIAL PARA O SUCESSO
Sim, já é possível dizer que existe uma densidade de empresários brasileiros fazendo planejamento correto e criando um ecossistema.
Estamos muito felizes e gratos por sermos a ponte e concretizarmos este local que, na verdade é o hub do nosso nome. Este local já existe fisicamente e hoje abriga bastante gente que troca experiência, trabalha dia a dia e desbrava as oportunidades em solos portugueses.
Estando em Portugal venha conhecer o Atlantic Station. Bem mais do que um endereço, é um grande projeto que faz a diferença para quem quer empreender por aqui.
Quando mais empresários estão juntos, oportunidades acontecem. Em Portugal, você não está sozinho.
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QUINTO: APENAS GERA RECEITAS EM EURO QUEM LEVA A SÉRIO PLANEJAMENTO
Todo empresário quer ter receitas em euros e custo em reais. Isso é o paraíso, mas está longe da realidade.
Conquistar clientes em Portugal primeiro passa por ter aderência no mercado do seu produto ou serviço. Veja que o digital, que é um dos pilares de aquisição de clientes, temos uma enorme diferença entre o Brasil e Portugal.
Somente neste quesito, já teríamos uma enorme reflexão a fazer. Como gerar receitas sem entender a aquisição de clientes?
A questão é que sem planejar estrategicamente sua internacionalização, não estamos falando de algo concreto, mas sim uma visão deturpada sobre o que é realmente empreender em Portugal.
Da onipresença de produtos brasileiros a ilusão sobre o mercado em Portugal muito temos ainda que percorrer para que realmente nossa jornada além-mar seja algo concreto.
Por um lado, nosso desejo é grande em levar nossa marca para todos os cantos do mundo e veja que nós acreditamos nisso. Por outro lado, porém, falta muito planejamento em nossos empresários para que realmente deixemos de viver de ilusões e isso é uma das coisas que aprendi em Portugal.
Caso seu interesse seja real e tenha coragem de fazer um planejamento sério, venha bater um papo comigo e começamos este processo. Agende um momento para conversarmos e juntos discutiremos seu futuro em Portugal.
Forte abraço!
AUTOR:
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.