Quando pensamos na quantidade de coisas que fomos educados a aceitar, ou ainda, que fomos de certa maneira obrigados a não questionar, a lista é imensa.
Pense comigo na quantidade de vezes que, mesmo estando satisfeito, você foi obrigado a comer simplesmente porque o conceito de saúde era o acúmulo de gordura e a imagem do bebê rechonchudo.
Ao crescer e entrar para a escola, a regra sempre foi a obrigação. Obrigados a decorar textos, tabuadas e conceitos que nunca fizeram sentido na vida.
Se hoje falasse tanto em uma aprendizagem que significa a origem, é justamente porque quase tudo que aprendemos na escola não tinha outra justificativa além da obrigação.
Na vida adulta, também fomos obrigados a escolher uma formação para a vida quando, na verdade, hoje sabemos que podemos ter muitas experiências profissionais ao longo da nossa existência.
A sexualidade também sempre foi um campo onde meninos vestem azul e meninas vestem rosa. Esse sempre foi o figurino que definia as opções sexuais.
O fim das obrigações não passa pelo caos. Mas sim pelo significado do que é poder escolher.
Como a humanidade sempre alterna entre um extremo e outro, podemos estar neste momento no extremo do excesso de possibilidades.
Conforme o psicólogo Barry Schwartz, a explicação para cenários como estes é chamada de Paradoxo da Escolha. Segundo o bom senso convencional, quanto mais opções as pessoas têm, mais felizes elas se sentem. Imagina-se que a maior forma de garantir a liberdade é maximizar o número de escolhas.
Mas não se iluda mesmo no paradoxo da escolha o número excessivo de possibilidades também gera frustração.
Neste artigo, quero aprofundar com você a importância do fim das obrigações e ajudá-lo a compreender por que este é o terceiro sinal da queda da liderança tradicional.
O PARADOXO DA ESCOLHA
O Paradoxo da Escolha trata das alternativas com que nos deparamos em quase todas as esferas da vida: educação, carreira, amizade, sexo, relações amorosas, criação dos filhos, práticas religiosas e o consumo em geral. Mas Schwartz também deixa claro que não está dizendo que a escolha não melhora nossa qualidade de vida.
Quando conseguimos superar a paralisia e decidir, acabamos normalmente insatisfeitos com o resultado da escolha, do que se tivéssemos menos opções para escolher.
A paralisia da escolha refere-se ao pensamento de que quanto mais escolhas temos, mais difícil será decidir por algo. Com diversas opções para escolher, temos que escolher uma opção entre várias.
Mas sejamos sinceros, ter uma quantidade imensa de escolhas é bem melhor do que ser obrigado a fazer algo pelo simples fato de ter que fazê-lo.
O FIM DA OBRIGAÇÃO: A CLAREZA DA DIREÇÃO
A humanidade gosta de alternar entre extremos. Da obrigação ao paradoxo da escolha, migramos de um ponto ao outro literalmente mergulhando na frustração.
Para podermos dizer sim, o fim da obrigação é extremamente necessário sabermos o caminho que queremos percorrer.
Sobre isso, quase ninguém consegue definir efetivamente para qual caminho está dirigindo sua vida.
Quantos líderes não dizem absolutamente nada a seus liderados, mas claramente mostram o caminho que eles devem seguir.
Por outro lado, quantos líderes dizem o tempo todo o caminho a seguir e ninguém compreende. A questão é que mais falam nossos atos do que nossas falas.
Clareza na direção é a condução necessária para que quem nos segue compreenda o que desejamos. Mas também não se iluda. Para nascer em nós a clareza do que queremos, um longo caminho de autoconhecimento nos espera.
Reflita comigo: Se hoje as obrigações impostas a você, são motivo de desconforto, qual possibilidade você colocaria como alternativa nesta obrigação que gerasse ao invés de desconforto motivação em você?
Leia também: LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO: O FIM DAS REGRAS (SEGUNDO SINAL)
O SEGMENTO COMO DEMONSTRAÇÃO DE PROPÓSITO
Uma liderança que apenas através de obrigações consegue alcançar seus objetivos deve se questionar o que aconteceria caso não fosse mais possível obrigar ninguém a executar tais processos ou ordens.
A liderança que forma liderados através do seu exemplo, pouco tem de necessidade de criar regras. Mas isso não quer dizer que não exista a necessidade de deixar claro quais são os passos para que uma equipe chegue aos objetivos.
Seguimento quer dizer transparência. Transparência não é o que faço, mas o que o outro percebe. Quando estou em estado de presença e escuto o outro, crio condições no ambiente para que eu possa perceber se o outro entende e compreende o que faço.
O FIM DA OBRIGAÇÃO ACONTECE QUANDO NOS TORNAMOS RESPONSÁVEIS POR NOSSA HISTÓRIA
A certeza da minha verdade externa aos outros e a clareza do que acredito. Ser responsável por nossa história não é viver como uma ilha.
Muito pelo contrário, quando sou responsável pela minha história, deixo de lado as desculpas, muletas e esconderijos.
Assumo meu papel de protagonista e responsável pelo meu papel no mundo. Quando sou o agente da minha história posso, enfim, ser segmento para o outro.
O fim da obrigação traz à luz o verdadeiro motivo pelo que fazemos o que fazemos. Nosso dia a dia apenas tem sido quando ele é a nossa verdade.
Claro que é desagradável fazer coisas que não queremos, mas que são necessárias. A questão é quando compreendemos nosso propósito, até o que é desagradável é uma oportunidade de aprendizado.
Assim, com o fim da obrigação, nasce a oportunidade de encararmos a liberdade. Sobre a liberdade, temos muito ainda o que falar.
Com o fim das obrigações, nos tornamos os únicos responsáveis pelo que somos. Seres com livre arbítrio, cheiros de escolhas e frustrações.
Seria uma utopia falar de liderança teoricamente. Não é o acadêmico que escreve aqui, mas sim o ser humano forjado pela vida.
Os próximos sinais nos esperam e desejo que você esteja comigo.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.