Geralmente, utilizamos o termo concorrência para designar o grau de competitividade ou de rivalidade existente entre empresas ou outras entidades que oferecem produtos ou serviços semelhantes (substitutos) e que competem entre si pelos mesmos mercados ou segmentos de mercado.
Por vezes, o mesmo termo é também utilizado para designar o próprio grupo de empresas que atuam nos mesmos mercados com o mesmo tipo de produtos ou serviços, confundindo-se, neste caso, com o termo ‘concorrentes’.
De acordo com a teoria econômica, a existência de concorrência é imprescindível para promover a eficiência produtiva e a inovação nos produtos e serviços, podendo, por isso, ser considerado como um dos motores do crescimento e do desenvolvimento.
De fato, ao tentar vender em mercados onde outros tentam o mesmo, cada um dos competidores é impelido a ser mais eficiente de forma a conseguir produzir com menores custos e assim poder praticar menores preços, ou então, a ser mais inovador, introduzindo diferenciação nos seus produtos e serviços de forma a oferecer mais valor acrescentado aos seus clientes. Pelo contrário, a inexistência de concorrência provoca diverso tipo de ineficiências, obrigando muitas vezes a medidas de regulação por parte das autoridades económicas.
Aumento dos níveis concorrenciais
Na prática, os níveis concorrenciais tendem a aumentar quando:
- Existem muitos produtores e bens semelhantes, como também dirigidos para os mesmos mercados;
- Esses produtores são muito semelhantes em termos de dimensão, estrutura de custos ou know-how;
- Os produtos e serviços são muito semelhantes e de difícil diferenciação;
- A quantidade oferecida no mercado é superior à quantidade procurada, o que pode acontecer devido a quebras no rendimento disponível, devido ao surgimento de produtos substitutos ou devido a alterações nas preferências e gostos dos consumidores.
É habitual os economistas classificarem os mercados de acordo com os níveis concorrenciais. Assim, os mercados com níveis de concorrências mais elevados são denominado por ‘concorrência perfeita‘; aqueles em que a concorrência não existe por existir apenas um produtor são denominados ‘monopólios‘; para os níveis intermédios, denominados ‘concorrência imperfeita‘ existem três classificações principais, nomeadamente ‘oligopólio‘ (quando o número de produtores é reduzido), ‘concorrência monopolística‘ (quando existe muitas empresas mas muitas delas têm capacidade para influenciar o preço ou outras condições de venda) e ’empresa dominante com franja competitiva’ (quando uma empresa domina o mercado e simultaneamente existe muitas pequenas empresas que atuam em concorrência).
ANALISANDO OS CONCORRENTES E COMPARANDO O SETOR
Ao analisarmos a concorrência de determinado setor, expomos o cenário mais possível quanto a estratégia que devemos definir de entrada.
Para ilustrar esta possibilidade que apresento, gostaria de exemplificar com dados do segmento em Portugal de saúde humana.
A CAE, Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (Nosso CNPJ no Brasil) é um sistema de classificação e agrupamento das atividades econômicas (produção, emprego, energia, investimento, entre outras) em unidades estatísticas de bens e serviços.
A cada atividade econômica e empresarial é atribuído um código de classificação específico. Cada empresa, dependendo do seu objeto ou ramo de atividade, estará abrangida por um (ou mais) destes códigos.
Assim, consoante a atividade e o negócio ligado à saúde humana, considera-se que o CAE mais aproximado é o 86906 – Outras atividades de saúde humana, n. e. Número de Empresas com o CAE 86906.
Em 2019, existiam 5974 empresas com o CAE 86906 em Portugal, um aumento de cerca de 2,36% com o nascimento de mais 138 empresas.
Apesar de ser um setor com um número de empresas amplo, as empresas do setor estão especializadas em diversas áreas. Assim, consideramos que o mercado está receptivo à entrada de novas empresas, como se percebe através da elevada entrada de empresas no mercado no último ano.
DISTRIBUIÇÃO DE EMPRESAS POR TEMPO E RESULTADOS FINANCEIROS
Outro fator importante na análise da concorrência é o tempo médio de vida das empresas do segmento estudado. Ao nos depararmos com diversos estudos que elaboramos, percebemos que a grande maioria das empresas estão situadas entre cinco a dez anos.
Não é raro, porém, que a maior quantidade de empresas estejam no espectro de constituição dos últimos três anos. Tais dados evidenciam que há uma enorme renovação em curso das empresas na Europa, o que proporciona uma possibilidade interessante de entrada no mercado.
Outro dado relevante na análise da concorrência é estudar seus números financeiros. Em muitos estudos que desenvolvemos ao longo dos anos, percebemos que, embora o mercado ofereça uma possibilidade de entrada, o que vemos na verdade são margens de lucro bem apertadas em alguns casos.
Sempre destacamos a necessidade de compreender o quanto de investimentos é necessário quando estamos diante de um mercado que já vive com baixas margens.
Em casos assim, sugerimos o desenvolvimento de novas estratégias de entrada, ação que temos completa possibilidade de desenvolver com o time da empresa.
ESTUDAR A CONCORRÊNCIA NOS APONTA OS CENÁRIOS POSSÍVEIS
Ao estudar sobre a concorrência, estamos na verdade analisando o que deve ser assimilado como conhecimento e o que devemos esquecer enquanto estratégia.
A concorrência tem muito a nos ensinar em relação ao que fazer e ao que jamais fazer. Visto desta maneira, devemos nos atentar a ela tendo como pilar de comparação empresas similares às nossas. Um erro comum é querer comparar uma empresa com portfólio ou estrutura muito diferente da criada no Brasil.
Este ponto é bastante relevante, haja vista que em determinados segmentos as empresas brasileiras são muito maiores do que as empresas portuguesas.
Neste artigo refletimos sobre a concorrência tendo como ponto de partida o setor de saúde humana. Caso este não seja seu setor, conte conosco para aprofundar estudos em outros cenários.
Um bom começo é fazer um estudo de aderência de mercado. Chamamos ele de Market Fit. Comece hoje mesmo estudando seu mercado conosco e começamos corretamente esta nova fase da sua empresa e da sua vida. Dúvidas sempre existem. Marque um momento comigo e vamos juntos conversar para alinhar os próximos passos.
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SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Black Beans e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.