10 APRENDIZADOS TRANSFORMADORES DE UMA IMERSÃO PELA ALEMANHA

Uma viagem pelo passado, pelo presente e pelo espírito incansável de um povo que ressignificou sua história. Essa frase poderia resumir o que vivemos na Alemanha em um mês. Mas, sinceramente, não caberia em artigos todos os aprendizados vividos.
Essa imersão, sim, daria um livro. Mas vamos lá. Já escrevi bastante sobre a Alemanha e acredito que nunca esgotaria tudo que vivemos. Espero que goste de mais este artigo.

Entre os dias 27 de março e 22 de abril de 2025, embarcamos, eu e minha esposa, numa jornada profunda pela Alemanha. Mais do que quilômetros percorridos, foram camadas de história desveladas, silêncios que falaram alto e experiências que provocaram questionamentos sobre humanidade, inovação e propósito.

Neste artigo, compartilho dez aprendizados da Alemanha, concentrando a reflexão especialmente em Berlim e sua herança tão impactante — marcada pela Segunda Guerra Mundial, a queda do Muro e, paradoxalmente, pela música de Johann Sebastian Bach, que ecoa até hoje como símbolo de disciplina e inovação.


1. A importância de lembrar para não repetir

Berlim é uma cidade que carrega cicatrizes à mostra. Ao visitar o Memorial do Holocausto, o Museu da Topografia do Terror e os trechos preservados do Muro, aprendemos algo essencial: esquecer é correr o risco de repetir.
A Alemanha nos ensina, com coragem, que é possível encarar o passado com honestidade brutal — e usar essa dor como um antídoto para a ignorância. O aprendizado é simples e profundo: só há futuro onde há memória.


2. A beleza da reconstrução com dignidade

Ver o Reichstag restaurado, o Portão de Brandemburgo revivido e os bairros antes divididos pela guerra renascendo com arquitetura, arte e vida nos mostrou que reconstruir não é apenas levantar paredes — é curar feridas.
Os alemães entenderam que ressignificar ruínas exige mais do que cimento: exige dignidade, escuta e vontade de fazer melhor. E conseguiram.


3. A queda de muros começa dentro da gente

O Muro de Berlim caiu em 1989, mas os muros invisíveis — do preconceito, do medo e da intolerância — ainda resistem dentro de muitas fronteiras pessoais e sociais.
Estar diante do East Side Gallery, onde arte e protesto se encontram, nos confrontou com uma pergunta inquietante: quais muros ainda preciso derrubar em mim?


4. A cultura como forma de cura coletiva

Berlim respira cultura em cada esquina. Museus, teatros, grafites, música e cafés se tornam ferramentas de catarse social.
Perceber como a arte é usada como linguagem de protesto, celebração e reflexão me fez lembrar do poder que a cultura tem de resgatar a alma de um povo. Lá, a cultura não é entretenimento: é sobrevivência.


5. Disciplina não é rigidez — é liberdade estruturada

Ao mergulhar na música de Bach, visitando Leipzig (berço do compositor) e conversando com músicos locais, compreendi algo poderoso: a disciplina alemã, tão elogiada e temida, não é uma prisão.
Pelo contrário. Como na estrutura das fugas de Bach, há uma liberdade que nasce do domínio técnico, da repetição cuidadosa e da busca pela perfeição. A inovação, aliás, brota da constância — não do caos.


6. Inovação é também um ato de humildade

Em museus de tecnologia e em encontros com empresários locais, vimos como a Alemanha alia tradição e futuro sem arrogância.
A postura é de aprendizado constante, com humildade para rever estratégias e coragem para apostar em novos caminhos.
O país que lidera indústrias pesadas também lidera a agenda da sustentabilidade, da digitalização e da governança ética. Isso me fez refletir: inovar é admitir que não sabemos tudo.


7. O silêncio também comunica

Em muitos momentos, o silêncio falou mais alto. Seja nos campos de concentração como Sachsenhausen, seja nos espaços de memória espalhados por Berlim, há um respeito pela dor que dispensa palavras.
E esse silêncio nos educa, nos convida à introspecção. Aprendi que o silêncio não é ausência — é presença plena de escuta.


8. A coexistência do velho com o novo como metáfora de maturidade

Berlim mistura prédios modernos com ruínas preservadas. Igrejas bombardeadas que não foram reconstruídas, mas mantidas como estão.
Essa convivência entre o velho e o novo simboliza um povo que não apaga sua história, mas a integra ao presente. Isso me fez pensar: será que temos feito o mesmo com a nossa própria história pessoal e empresarial?


9. Educação emocional como pilar da evolução coletiva

Conversando com jovens estudantes e educadores alemães, percebi um investimento deliberado na formação emocional das novas gerações.
Há debates sobre empatia, escuta ativa e responsabilidade social nas escolas.
A Alemanha entendeu que não basta formar cérebros brilhantes — é preciso também formar corações conscientes.


10. Viajar é provocar a si mesmo com novas perguntas

Ao final da viagem, percebi que o maior presente da Alemanha foi me encher de perguntas — e não de respostas.
Por que ainda resistimos tanto a mudanças? Como lidar com nossos próprios erros? O que significa, de fato, evoluir como indivíduo, empresa ou nação?
Cada rua de Berlim, cada acorde de Bach e cada cicatriz da história me trouxe um novo jeito de olhar para o mundo — e para mim mesmo.


Esses dez aprendizados da Alemanha não são verdades absolutas, mas reflexões nascidas da experiência.
Ao compartilhar essas percepções, espero que você, leitor, também se sinta provocado — e inspirado — a olhar para sua trajetória com mais profundidade, empatia e propósito.

A Alemanha nos ensinou que nenhuma dor é definitiva, que toda queda pode virar ponte, e que há sempre um futuro possível — quando a gente decide lembrar, reconstruir e inovar.

Se este texto te tocou de alguma forma, compartilhe com alguém que precisa ouvir essas lições. Porque, no fim, todo aprendizado só ganha vida quando é partilhado.

Forte abraço e deixe seu comentário para nós.

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SOBRE O AUTOR

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Incandescente e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis, ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.