CHLADENIUS E MEIER: UMA HERMENÊUTICA PARA O MUNDO

Como um dos pais da hermenêutica moderna, Chladenius em seu conceito do conhecimento de fundo elabora uma teoria sobre a experiência histórica inerente aos fatos e textos que analisamos em nosso dia a dia. 

Um dos componentes fundamentais ao conceito apresentado por ele é a noção de temporalidade. Segundo Chladenius, toda experiência histórica é uma experiência de tempo. Este tempo, por sua vez, no qual tem lugar a ação de um sujeito, não é simplesmente a temporalidade da natureza, mas sim o tempo próprio da história.

Desta maneira surge a crítica documental que é uma expressão que remete aos cuidados e procedimentos que devem orientar os historiadores a abordarem suas fontes históricas.

Sem o conhecimento do momento e aspectos em que foram construídos tais documentos e textos, podemos desconsiderar fatores relevantes ao entendimento mais correto. 

Na hermenêutica, não podemos acreditar que o que nos é apresentado é o que de fato deve ser considerado. Fontes diversas históricas atuam como melhores fundamentações e alicerces para a construção de uma abordagem mais promissora. 

A VERDADE HERMENÊUTICA SEGUNDO MEIER 

Georg Friedrich Meier (1718-1777) desenvolveu suas investigações filosóficas no campo da hermenêutica, seu trabalho possui uma intenção comum a Dannhauer, ou seja, conseguir estabelecer uma teoria hermenêutica universal, que não se restringisse somente à seara teológica. 

Por meio de sua obra “Versuch einer allgemeinen Auslegungskunst”, sustenta que a tarefa da hermenêutica não se restringe somente ao campo de sentido dos textos em geral, contudo se dirige inicialmente aos signos. 

Para Meier, enquanto a hermenêutica significatu latiori é no seu sentido mais lato uma ciência que se ocupa das regras a serem seguidas para acesso ao significado que os sinais transmitem, a hermenêutica strictiori significatu lida com as regras a serem observadas quando quiser reconhecer o sentido de um discurso que se quer expor para outros intérpretes e espectadores.

Meier não se satisfez com a pureza formal estabelecida pela distinção lógica entre verdade objetiva e verdade hermenêutica. Para Meier, hermenêutica é muito mais que a regionalização de ordem lógica. 

A nova perspectiva lançada por Meier é a de que a tarefa precípua da hermenêutica é de ser mediadora entre todos os sinais, e não apenas dos sinais formais. Sendo assim, a interpretação possui a tarefa de realizar a mediação entre os sinais e seus intérpretes. 

A universalização da hermenêutica se justifica a partir da universalização do sinal. Logo, todo e qualquer conhecimento produzido pelo homem é sempre um conhecimento que perpassa pela mediação dos próprios sinais, hegelianamente dizendo: o ser é sempre mediado, o real é sempre sinal. Tal sentença é filosófica visto que engendra uma determinada noção metafísica do real.

Meier concebe o saber técnico que trata da compreensão dos sinais. O autor esclarece que neste mundo tudo é sinal e remonta a uma conexão universal de todos os sinais. 

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Forte abraço e até o próximo conteúdo. 

Leia também: AS CHAVES PARA COMPREENDER A HERMENÊUTICA

SOBRE O AUTOR

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Black Beans e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.