ECOSSISTEMA: SEXTO PILAR DE SUCESSO PARA EMPREENDER EM PORTUGAL

Há alguns anos, depois de fundar uma empresa de tecnologia, comecei a fazer voos para alguns segmentos do mercado em uma tentativa de compreender melhor como era empreender em outras vertentes da economia.

Descobri que precisaria entender não apenas as oportunidades que existiam enquanto negócios, mas sim a interação entre os agentes de mercado.

Um salto quântico neste processo em que eu estava vivendo foi poder estar como presidente de um instituto de tecnologia. 

A frente deste instituto, construir missões para algumas regiões do mundo sempre tendo como objetivo conhecer o ambiente de negócios. 

América Latina, Europa, Inglaterra, Israel e Estados Unidos foram alguns dos lugares que visitei e pude comprovar como eles interagiam e criaram negócios.

No Brasil não foi diferente. Com exceção do estado do Amapá, que ainda não visitei, conheço todos os estados e, em alguns casos profundamente, entendendo como acontece a geração de negócios em diferentes frentes e sistemas. 

Deste contexto particular nasce nossa metodologia, assim como o conhecimento de outros sócios sempre com nossas bases fundamentadas em validação prática. 

Conhecer um ecossistema de negócios é compreender como os agentes se interrelacionam. Em alguns casos são elas associações, instituições e agentes do governo que abrem as portas.

Em outras, uma estrutura de networking fará toda a diferença. Quero, neste artigo, aprofundar com você alguns conceitos sobre como entender o ecossistema de Portugal poderá alavancar sua estratégia de internacionalização. 

Neste sexto pilar de sucesso o tema é ecossistema e, desta maneira, convido você a percorrer alguns aspectos que devem ser considerados quando o tema for este em seu processo de internalização. 

ASPECTOS LEGAIS

Quanto aos aspectos legais, marco importante dentro da consolidação de um negócio neste país, cabe salientar que existe em Portugal o programa SIMPLEX, que tem por base facilitar o licenciamento, instalação e a abertura de empresas e estabelecimentos comerciais. 

Com a entrada em vigor do programa SIMPLEX criou-se o regime da Declaração Prévia – na qual o titular da empresa se responsabiliza pelo cumprimento de todos os requisitos adequados ao exercício da atividade ou do ramo de comércio no estabelecimento.

A Declaração Prévia é efetuada através de um modelo próprio, disponibilizado eletronicamente ou em papel, nas câmaras municipais e pela DGE – Direção Geral da Empresa. 

Na posse dos comprovativos de declaração emitidos pelas câmaras municipais e pela DGE, o titular da exploração do estabelecimento ou armazém pode proceder à sua abertura ou modificação, a partir da data prevista na respectiva declaração.

Adicionalmente, à semelhança de qualquer país da União Europeia, aconselha-se um cuidado especial no cumprimento das obrigações introduzidas pelo RGPD – Regime Geral da Proteção de Dados. Isto é especialmente importante quando falamos de empresas que armazenam dados de cidadãos.

Relativamente à criação de empresas em Portugal por cidadãos estrangeiros não se apresentam entraves. Em Portugal não há restrições à entrada de capital estrangeiro.

No entanto, é importante referir que, ao contrário do Brasil, os dividendos em Portugal estão sujeitos a impostos à taxa de 28%. 

Outro ponto relevante de ser compreendido quando ao ecossistema de negócios é que o regime fiscal em Portugal mais se assemelha ao Lucro Real do que a outros modelos mais conhecidos no Brasil. 

POTENCIAIS BARREIRAS À ENTRADA 

Barreiras à Entrada são os fatores que representam potenciais obstáculos para que uma empresa comece a atuar em um segmento ou mercado. 

Alguns segmentos e mercados apresentam mais barreiras à entrada do que outros. Nesse caso, podemos dizer que as empresas que já atuam neles estão mais protegidas contra novos entrantes, isto é, novos concorrentes.

Quando uma empresa deseja começar a atuar em um certo segmento ou mercado, em alguns casos, ela pode simplesmente abrir as portas e começar a trabalhar. Em outros, ela precisa, antes, atender a uma série de exigências sem as quais seu negócio não tem condições ou não é autorizado a operar. 

Essas exigências, que muitas vezes nem são formais ou expressas, acabam sendo obstáculos para que novas empresas entrem nesse segmento ou mercado. Por isso, elas são chamadas de barreiras à entrada.

Para que o conceito fique mais claro, vamos usar como exemplo a empresa fictícia Só Carnes, que quer atuar no segmento frigorífico.

Para isso, ela precisa de equipamentos caros, que atendam a certos padrões estabelecidos em normas técnicas; precisa de laudos e alvarás, especialmente da Anvisa; precisa de processos muito rigorosos de higiene e conservação.

Essas são algumas exigências que a Só Carnes precisa atender antes mesmo de poder começar a atuar. Se a Só Carnes não tiver condições de atender essas exigências, ela nem sequer abre as portas

MICHAEL PORTER E AS BARREIRAS DE ENTRADA 

Segundo o economista americano Michael Porter, existem seis tipos de barreiras à entrada, que atrasam ou impedem a chegada de novas empresas aos segmentos ou mercados. 

Primeiro tipo: Economia de escala.

Basicamente, isso significa que, se a empresa entrar produzindo em grande escala, ela entra em conflito direto com os grandes negócios que já estão mais estabelecidos; e, se entrar produzindo em pequena escala, o custo impede a obtenção de bons resultados financeiros. Ou seja, as duas alternativas são indesejáveis.

Segundo tipo: Diferenciação do produto

Para uma nova empresa sobreviver no mercado, ela precisa trazer um diferencial que atraia os clientes. Para isso, é preciso ter inovação, o que ainda é uma dificuldade para muitos negócios.

Terceiro tipo: Necessidade de capital

Se os custos forem muito altos, mesmo havendo opções para obter os recursos, eles acabam sendo uma barreira. É importante lembrar que, além do custo em si, o risco de não recuperar o investimento também é um elemento dessa barreira.

Um bom exemplo são os segmentos de alta tecnologia, em que é preciso gastar muito com equipamentos modernos e pessoal capacitado.

Quarto tipo: Custos de mudança

Se os consumidores do segmento ou mercado tiverem um custo muito elevado (não necessariamente financeiro; pode ser um custo de esforço, ou até emocional) para trocar de fornecedor, eles não vão ser tão receptivos a novas empresas.

É o caso dos aparelhos de smartphone: muitos usuários criam uma relação tão forte com o fabricante ao qual estão acostumados que, se outro entra no mercado, mesmo com uma ótima proposta, ainda pode ter dificuldades para conseguir atrair clientes. 

Quinto tipo: Acesso a canais de distribuição

Se a nova empresa não tem meios para distribuir seu produto, essa é uma forte barreira à entrada.

Suponha, por exemplo, que uma empresa quisesse (e pudesse) competir para o fornecimento de energia elétrica. Uma de suas principais dificuldades seria fazer a energia chegar aos consumidores, devido à complexidade das estruturas usadas para levar a eletricidade de uma usina até a casa das pessoas.

Último tipo: Política governamental

Aqui entram as burocracias exigidas pelo governo para que uma empresa possa operar. Em alguns casos, o governo chega a bloquear completamente a entrada de novos negócios em certos segmentos, estabelecendo monopólios estatais

Publicidade, imagem e marca são pontos importantes que devem exigir das empresas já estabelecidas e com potencial no setor das atividades de desejadas ações que levem ao mercado uma nova possibilidade. 

Em Portugal, o que acontece é que a reputação é um verdadeiro “cartão de entrada”, pelo que as empresas desta área se servem dos seus melhores clientes e do know-how e experiência dos seus colaboradores para construir uma imagem de credibilidade junto do mercado português.

Embora este aspecto não impeça a entrada de novos players, dificulta o seu estabelecimento e a angariação dos primeiros clientes.

ACESSO AO MERCADO PASSA POR ENTENDER O ECOSSISTEMA DE NEGÓCIOS 

Quando pretendemos entrar em um mercado, muito mais do que ter um produto ou serviço que tenha aderência, precisamos conquistar clientes. 

Tanto a construção de uma cadeia de fornecimento em outro país, bem como a abertura de eventuais clientes passa pela formação de uma rede de contatos e relacionamentos. 

Construir esta rede é o desafio para qualquer processo de internacionalização. Em Portugal não temos um cenário diferente do Brasil. Confesso que em muitos casos o cenário em Portugal para a construção de uma rede consistente de negócios é mais complexo do que no Brasil.

Um exemplo disso são as associações. No Brasil, estas entidades têm, ao longo dos anos, perdido relevância e autoridade. Na Europa como um todo elas são bastante conhecidas e tradicionais. Nelas residem boa parte dos esforços que você precisará ter em sua estratégia.

Na aquisição de clientes, contamos no Brasil com o digital e suas ferramentas. Por outro lado, na Europa, não podemos contar com esta forma de acesso ao mercado com a abrangência que ela existe no Brasil. 

Marketing off line, propaganda de rua em jornais e metrô, acesso ao cliente direto e não pelo digital, estes são apenas alguns pontos que no entendimento do mercado você deve considerar. 

Veja, construímos uma jornada levando a você marcos sobre o ecossistema, chamamos atenção para as barreiras de entrada e percorremos uma linha de acesso a este mercado.

Para fecharmos este pilar, quero ainda comentar sobre os ecossistemas mais interessantes que existem em Portugal. 

ECOSSISTEMAS ATRAENTES EM PORTUGAL 

Tecnologia, turismo, setor têxtil e vinícola, polos metal mecânicos e construção civil. Estes são alguns dos segmentos do mercado em que Portugal tem criado estrutura e envergadura em sua posição no mundo.

Seja por ser uma oportunidade de investimento, caso do setor da construção civil. Mas no segmento de tecnologia o que temos é justamente o adensamento de mão de obra, empresas, tecnologia e pesquisa. 

Neste ambiente e com uma boa dose de investimento público e privado, temos a construção de um setor pujante e crescente. 

Hoje Portugal oferece condições bastante interessantes para uma empresa desse setor. Quando analisamos um ecossistema, levamos em consideração o ambiente de negócios. 

Tendo como ponto de partida este pilar, estamos diante de um setor que aglutina em si todas as condições.

Um bom começo é fazer um estudo de aderência de mercado do seu negócio. Você viu que existem diversos setores interessantes para internacionalizarmos. 

Temos um estudo de aderência de mercado que chamamos ele de Market Fit. Ele com certeza irá ajudá-lo nesta jornada. Desta maneira, comece hoje mesmo estudando seu mercado conosco e começamos corretamente esta nova fase da sua empresa e da sua vida. 

Dúvidas sempre existem. Marque um momento comigo e vamos juntos conversar para alinhar os próximos passos. 

Leia também: METAVERSO E O ECOSSISTEMA EM PORTUGAL: O QUE VEM POR AÍ

SOBRE O AUTOR

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP e Filosofia pela Universidade Dom Bosco. Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios. Pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups). Sócio fundador da Agência Black Beans e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal. Atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”. Em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.