A FILOSOFIA NA ÁFRICA E ÁSIA

O resgate é o ponto de partida para compreender a filosofia fora da Europa. Temos por nossas origens e influências a tendência a ignorar as demais regiões do globo como se elas nada tivessem produzido em termos de conhecimento.

O fato da ignorância em relação à produção filosófica principalmente de África e Ásia África se deu pela confluência de dois fatores inter-relacionados.

Por um lado, os defensores da filosofia de Immanuel Kant (1724-1804) reescreveram conscientemente a história da filosofia para fazer parecer que seu idealismo crítico era a culminação para a qual toda filosofia anterior estava tateando, com mais ou menos sucesso.

Por outro lado, os intelectuais europeus cada vez mais aceitavam e sistematizavam pontos de vista da superioridade racial branca, o que implicava que nenhum grupo não caucasiano pudesse desenvolver a filosofia.

Mesmo Santo Agostinho, que nasceu no norte da África, é tipicamente retratado na arte europeia como um homem branco.

Assim, a exclusão da filosofia não europeia do cânon foi uma decisão, não algo em que as pessoas sempre acreditaram, e foi uma decisão baseada não em um argumento fundamentado, mas sim, em considerações polêmicas envolvendo o grupo pró-kantiana na filosofia europeia, bem como em visões sobre raça que são cientificamente infundadas e moralmente hediondas

AS CONTRIBUIÇÕES DE FILÓSOFOS DE FORA DA EUROPA COM O PENSAMENTO DO OCIDENTE

Byung-Chul Han nascido em Seul, é autor de diversas obras, sendo que as mais recentes são sobre aquilo a que ele chama a “sociedade do cansaço” e a “sociedade da transparência”.

O trabalho mais recente de Byung-Chul Han foca na transparência como uma norma cultural, criada por forças do mercado neoliberal que ele compreende como sendo a motivação insaciável em direção à revelação voluntária, beirando o pornográfico.

Com o filósofo Agamben (1993), a nudez é algo que ainda ultrapassa o sublime, pois é contemplar uma “signatura teológica indissolúvel” que, quando reconhecida como parte da criação, traz consigo a graça, por isso, dá aos seres humanos as “vestes de luz”, assim chamadas pelo autor, quando o ser humano pratica a exposição de maneira explícita e vulgar, apenas para a demonstração na pornografia, seja no ato sexual distorcido, seja apenas para exaltar o próprio “narcisismo” daqueles que depositam todo seu ego e seu interesse em seu corpo nu, perdendo essa “veste de luz”.

Leia também: A FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO E A POSSIBILIDADE DE UMA FILOSOFIA LATINO-AMERICANA

FILOSOFIA: ACHILES MBEMBE E A RAZÃO NEGRA

Jean-Achiles Mbembe é um filósofo camaronês nascido em 1957. Um de seus mais influentes conceitos é o homônimo de sua obra “Necropolítica” (2018).

Nela, ele argumenta que o conceito de biopoder, como Foucault (2008) entende, torna-se incapaz de abordar as formas contemporâneas de dominação, subjugação e violência.

Segundo Foucault (2008), o biopoder se refere ao exercício soberano do poder de determinar quem vai viver e morrer.

A característica essencial do biopoder é o seu racismo inerente, pois visa estabelecer limites e dividir as pessoas em categorias e subcategorias.

Em “Necropolítica”, Mbembe (2018) examina o exercício soberano em casos em que a instrumentalização generalizada da existência humana e a destruição material de corpos e populações humanas é o projeto central do poder, e não da autonomia.

Já não habitamos o mundo onde os regimes governam por meio da inscrição de tecnologias disciplinares; o necropoder e a necropolítica são apresentadas como alternativas ao biopoder e à biopolítica.

O Necropoder é exercido tanto pelos Estados quanto pelo que, seguindo Deleuze e Guattari (1997), deveríamos chamar de “máquinas de guerra”. As máquinas de guerra são formadas por segmentos de homens armados que se dividem, se fundem e se sobrepõem, dependendo das circunstâncias.

Organizações polimórficas e difusas, as máquinas de guerra são caracterizadas pela sua capacidade de metamorfose. Elas combinam uma pluralidade de funções e operam através da captura, pilhagem e predação.

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Forte abraço e até o próximo conteúdo. 

SOBRE O AUTOR

Benício Filho

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.