KANT: A RELAÇÃO ENTRE RAZÃO E MORALIDADE

Immanuel Kant (1724 a 1804) foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna, Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o racionalismo continental, e a tradição empírica inglesa.

Em sua Crítica da Razão Pura (2015), Kant chega à conclusão de que as realidades transcendentais (noúmenos) não podem ser alcançadas por intuição nem por raciocínio e que os “fenômenos” constitutivos do mundo relativo.

O único que percebemos, só passam a ser objeto de ciência à mercê das formas da sensibilidade que nos fazem representáveis e às categorias do entendimento que os fazem pensáveis, dando umas e outras aos objetos conhecidos o caráter de necessidade e de universalidade essencial à ciência.

Aplicando o mesmo método à Ética, Kant se vê obrigado a descartar: 1º as Éticas metafísicas que se baseiam no fim último, Deus, o absoluto; pois todos eles são inacessíveis, segundo Kant, à ciência do ser humano;

2º as Éticas empíricas, que não podem justificar o caráter da universalidade e da necessidade de que, no terreno da prática, apresentam os juízos morais de modo igual às leis científicas no terreno da especulação.

Da análise desses juízos morais – como fez na Crítica da Razão Pura a respeito dos juízos especulativos – trata de isolar o elemento moral e formal na Crítica da Razão Prática (2016), e nos Fundamentos da Metafísica dos Costumes (2005), chegando à conclusão de que um ato é bom unicamente por sua conformidade internacional com a forma da moralidade que chamamos Dever.

Um ato não deve se executar porque é bom, como se cria até então, senão que é bom porque deve ser executado e na medida em que se executa por tal motivo (conclusão também análoga à da Crítica da Razão Pura, segundo a qual não é nosso espírito quem se molda aos objetos conhecidos, mas estes que se moldam a nossas formas e categorias a priori).

A MORAL NÃO É UMA CONSTRUÇÃO RACIONAL

A moral é um fenômeno emergente, não é uma construção racional da mente humana, não é um produto da nossa vontade consciente.

Muitos dos preceitos e regras da moral são proibições implícitas ou explícitas, do gênero “não deves” fazer isto ou aquilo, que vão contra os nossos instintos básicos, e que, exatamente por isso, racionalmente, voluntariamente, nunca escolheríamos.

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KANT: A CIÊNCIA COMO PRODUTO DA RAZÃO

A ciência é um produto da razão, talvez o produto, por excelência, da razão. E a ciência passou de uma entre várias tradições culturais para se transformar na corrente de pensamento dominante na sociedade.

Esta transição começou a acontecer no Iluminismo e prolonga-se até ao tempo presente. A ciência transformou-se na religião do nosso tempo. Quando se quer “arrumar” um debate sobre qualquer questão, como, por exemplo, sobre as chamadas “questões fracturantes”, algumas das quais têm a ver com a moral, invocam-se argumentos ditos “científicos”.

E logo o assunto fica decidido e o debate termina. Nada mais há a dizer. A supremacia absoluta da ciência é uma assumpção básica da nossa cultura.

A vida não funciona assim. Há muitos fenômenos que ultrapassam a nossa capacidade de entendimento racional e a moral é um deles.

O discurso racional é apenas um dos modos de apresentar e examinar uma questão, para muitas situações de modo nenhum o melhor.

A ciência cartesiana, analítica, está preparada para avaliar fenômenos simples, lineares, não fenómenos complexos.

A própria ciência, por dentro, está a transformar-se e começa a admitir que não é a única nem a mais importante fonte de conhecimento, e que este pode ser alcançado de formas igualmente ou até mais válidas, através de abordagens até há pouco rebaixadas para um plano secundário, como, por exemplo, por via das artes.

Por outro lado, a objetividade absoluta já há muito que foi descartada pela própria ciência, porque o conhecimento depende tanto do observador como do observado.

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Forte abraço e até o próximo conteúdo. 


SOBRE O AUTOR

Benício Filho

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.