Como diziam os pré-socráticos, apenas é possível fazer filosofia quando outras necessidades em nossa vida já foram equalizadas. Com Hegel isso não foi diferente.
Ele estudava para ser um pastor, pois sua origem era de uma família protestante. Entretanto, viu que não possuía vocação para isso. Em 1779, com o falecimento do seu pai, herdou um patrimônio que lhe permitiu estudar em tempo integral.
Em 1801, Hegel conseguiu iniciar sua carreira como professor, tornando-se posteriormente também redator de jornal e reitor de uma escola de latim. Casou-se em 1811 com Marie von Tucher e teve dois filhos com ela. Em 1818, o filósofo lecionava na Universidade de Berlim, quando em 1831, acabou falecendo por conta de uma epidemia de cólera.
Foi também em 1807, em uma fase ainda juvenil de Hegel, que ele publicou uma de suas obras mais conhecidas, a “Fenomenologia do Espírito”. Nesta obra, Hegel critica alguns pensamentos de Kant e inaugura o idealismo absoluto, tornando-se reconhecidamente um intelectual independente e original.
Nessa obra, Hegel teoriza sobre a história do espírito humano, analisando os pensamentos gerados pela humanidade até o momento. Com isso, ele organizou um desenvolvimento crescente e progressivo da razão.
A filosofia hegeliana ofereceu ainda elementos para pensar a ação política. Um ponto interessante nesse contexto é que, após a morte de Hegel, surgiram duas linhas de interpretação de sua obra: de um lado, os discípulos de uma “direita hegeliana” e, de outro, uma “esquerda hegeliana”.
Esse e outros aspectos da teoria de Hegel revelam como sua obra se disseminou e influenciou a filosofia de sua época. Essa importância é reconhecida ainda atualmente. Algumas de suas ideias são explicadas a seguir.
PENSAMENTO DE HEGEL
Os filósofos anteriores a Hegel, como Kant ou Descartes, postulavam comumente que havia uma essência eterna das coisas que fundamentam o conhecimento humano. Hegel contraria essa ideia fazendo uma história do progresso da razão na humanidade. Ou seja, as verdades não são atemporais e elas caminham conforme uma lógica de crescimento.
Portanto, a razão humana acompanha o desenvolvimento da humanidade. Sua filosofia sobre as ideias são assim, centrais na teoria de Hegel. Há vários aspectos de seu pensamento a serem considerados a partir dessa questão.
IDEALISMO HEGELIANO
O idealismo Hegeliano é uma maneira de explicar que as coisas reais que existem são determinadas por uma ideia universal anterior. Hegel é reconhecido enquanto um idealista, mas não foi ele o primeiro e nem o único a tentar explicar que as ideias são anteriores às coisas, como fez Platão.
Por exemplo, para que seja construída uma casa, é necessário que exista antes, uma ideia do que é uma casa. Essa ideia não foi um indivíduo ou outro que decidiu o que seria. Tratam-se, na verdade, de uma ideia universal que se estende a todos os indivíduos.
Entretanto, o idealismo de Hegel vai além e é mais restritivo. Para Hegel, os conhecimentos úteis para explicar o mundo são aqueles verdadeiramente universais, baseados em ideias universais, como: qualidade, quantidade, existência e ser. Essas ideias tendem a se tornar cada vez mais universais à medida que a razão humana progride na história.
ESTADO
Ao invés de estudar Estados concretos em suas particularidades, Hegel tenta analisar o que é o Estado, ou seja, a sua ideia universal. Sendo uma ideia, ela se desenvolve progressivamente ao longo da história, e o Estado é o resultado desse crescimento da razão humana.
O Estado, para Hegel, é a síntese das vontades singulares e imediatas dos indivíduos. Ele é o resultado do desenvolvimento de instâncias como a ideia da família. Portanto, é no Estado que os indivíduos podem encontrar os seus deveres e uma unidade dos desejos individuais.
Paradoxalmente ou não, é somente no Estado que a liberdade dos indivíduos também é contemplada. Isso porque, para os filósofos da época, a “liberdade” era uma questão central, e ela não poderia ser guiada simplesmente pelos desejos carnais e imediatistas do sujeito. A liberdade só ocorreria por meio da razão, ou seja, agindo racionalmente perante o mundo.
Por isso, o Estado é uma grande síntese de uma ideia universal que reúne as vontades individuais e permite a liberdade. Isso está no curso do desenvolvimento crescente da razão humana.
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RACIONAL E REAL
Para Hegel, não existe algo que seja impossível de ser pensado. Assim, ele afirma que “o real é racional e o racional é real”. Não é possível separar o mundo do sujeito, o objeto e o conhecimento, o universal e o particular.
Em outras traduções do alemão, é dito que “o real é efetivo”. Em outras palavras, não há nenhum conhecimento sobre o mundo natural ou espiritual que não seja alcançável pela razão. A razão não é, portanto, um conhecimento das contingências, das particularidades ou da subjetividade, mas é o meio pelo qual é possível compreender a essência das coisas.
O real efetivo, para Hegel, está na unidade entre a essência e a existência, entre o interior e exterior, em uma relação dialética. Essa dialética é a própria forma como as ideias se desenvolvem, e é central na filosofia do autor.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.