Era uma noite de sábado e eu estava em uma avenida movimentada de São Paulo a caminho do aeroporto de Guarulhos. Por instantes, imaginei que havia sido disparada uma bomba em minha frente, mas na verdade a nuvem de vidros que percorreu o interior do carro quase cortando eu e minha companheira no banco da frente não era uma bomba.
Foram os 30 segundos mais longos da minha vida. Por um lance ou mesmo um piscar de olhos, fomos atacados em um farol com uma imensa arma constituída de algo muito duro que com a força de um golpe, explode o vidro do passageiro mergulhando a mão dele dentro do carro e levando o celular.
Um dano físico imenso, mas um dano emocional muito mais complicado. Após uma experiência traumática dessa, tendemos a ficar em pânico, alguns literalmente surtam e outros sofrem do chamada stress pós-traumático.
Tenho feito reflexões interessantes sobre como devemos e podemos lidar melhor com nossas emoções, vale a pena a leitura do artigo “A psicanálise como motor da exponencialidade pessoal”.
Este não é um relato dos telejornais sensacionalistas. Esse é um relato de quem vive em uma grande cidade como São Paulo e por vezes releva a violência porque ama morar aqui, mas o dia a dia não nos deixa enganar.
Pagamos por alguns serviços que simplesmente não recebemos. Se ter um produto de qualidade como a chamada deste artigo não é diferencial, mas sim obrigação. Por que ainda não nos revoltamos com a porcaria dos serviços que recebemos do estado, de empresas prestadoras de serviço ou de bens que consumimos?
Quero refletir com você sobre alguns pontos em relação à nova economia. Economia essa que simplesmente não aceita mais o médio. Se por um lado nos acostumamos no Brasil a aceitar o médio como bom, confesso a você que o novo consumidor, não mais aceita fazer de conta que algo é bom de fato. Você está preparado para isso?
NO BRASIL NOS ACOSTUMAMOS A ACHAR QUE O MÉDIO (MEDÍOCRE) É EXCELENTE
Quando compro algo ou faço uso de algum serviço, já me acostumei no Brasil a não esperar muito. A dor de cabeça que é fazer uma reforma, levar o carro em uma oficina ou começar um tratamento médico é absurdamente alta.
Consultas remarcadas, atraso no atendimento, reformas que nunca cumprem o prazo, orçamentos que superam os valores iniciais apenas falando em termos de prestação de serviço e quase uma unanimidade os problemas que temos.
Quando a questão é produto, uma vez comprei uma peça de roupa que ao chegar em casa percebi alguns defeitos. Ao chegar à loja para a troca, ouvi do vendedor que não havia um produto similar e eu precisaria aguardar o novo estoque.
Ao questionar sobre a possibilidade de ter um voucher para a compra de outro produto, fui informado que isso não era possível. Veja a troca de produtos em algumas plataformas on-line, tem transformado o mercado profundamente.
Temos sempre que provar nossa inocência mesmo quando somos os compradores e financiadores do mercado. A impressão que tenho é que para muitas empresas, cliente é ônus e não bônus.
Pagamos pelo serviço ou produto, temos baixa qualidade no que recebemos e quando o que foi entregue mesmo sendo o básico acredito que isso já é excelente.
Será que estamos atentos às mudanças de cenários no comportamento do consumidor que estão acontecendo em velocidade acelerada. Sobre isso, gostaria que você olhasse a imagem abaixo.
O modelo tradicional de ofertar ao mercado de produtos ou serviços baseado exclusivamente na produção de escala não faz mais sentido para ninguém. Nem para quem produz e nem para quem consome. Muito menos faz sentido para o planeta.
O acúmulo nos levou a sociedade da posse. Não será possível vivermos uma nova geração sem que esse modelo construído na revolução industrial e na produção em linha e escala seja mudado.
Consumir de forma consciente o que faz sentido traz a experiência do que queremos adquirir tendo claro que o produto de qualidade é o mínimo esperado.
No mundo das redes sociais, fique atento ao seu posicionamento. Acreditar que é possível continuar fazendo como antes sem a preocupação da nossa responsabilidade com a cadeia em que estamos inseridos simplesmente não faz mais parte do mundo de hoje.
SEU SERVIÇO OU PRODUTO TEM QUE FAZER SENTIDO NA VIDA DAS PESSOAS
Ao criar uma empresa acreditamos estar solucionando uma dor com o que oferecemos ao mercado. Nossa proposta de valor tende a mudar ao longo do tempo justamente porque quem consome o que oferecemos também muda.
Ficar atento às mudanças comportamentais é essencial para não cairmos na zona de conforto e nos tornarmos obsoletos em um piscar de olhos. O sucesso de hoje não é a certeza do amanhã.
Alinhada às transformações comportamentais ocorridas pela pandemia, temos setores e mercados sendo completamente destruídos e sendo reconstruídos com novas empresas e novas propostas de valor.
Você pode estar inserido em um destes mercados e não ter percebido ainda o quanto o mundo mudou. A reconstrução do seu setor e da sua empresa passa por você colocar o ser humano no centro de tudo que fizer. Seu principal diferencial competitivo deve ser estar em sintonia com o mundo e não apenas com o resultado financeiro e o produto de qualidade.
Escrevi recentemente um artigo sobre as transformações que estamos vivendo vale a sua leitura, “Revertendo tendências: será mesmo que tudo flui?”
Podemos ter empresas que sejam perenes mantendo a sua importância e relevância. Mas fique atento ao que vou escrever. Uma empresa para estar em sintonia com o consumidor e fazer diferença no mundo precisa ser um organismo não algo estático.
Se você fundou a sua empresa e ainda está no controle dela exclusivamente, esse pode ser o começo do fim. De agora em diante, ou todos que fazem parte da sua companhia estão com você alinhados com os seus propósitos ou a cada dia sua receita irá diminuir.
Este conteúdo faz parte de uma jornada que estou construindo de temas e textos sobre o comportamento humano e a nova economia. Leia o artigo “Ou você entende o lado humano da transformação digital ou nada adianta sua empresa existir”.
Esta transformação é fácil? Claro que não, quem disse que empreender é fácil?
Se precisar de ajuda neste processo, posso ajudá-lo. Fale comigo!
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.