Vivemos a era do significado. Nossa geração já compreendeu que precisamos consumir aquilo que realmente precisamos. Acumular por acumular não faz mais sentido enquanto seres humanos e menos ainda para o planeta.
A escassez de recursos expõe justamente a fragilidade que nosso sistema de consumo levou ao mundo. Derivamos de uma geração que consumir era a ordem do crescimento econômico, porém agora vivemos em uma época em que a sustentabilidade está muito além de produtos retornáveis, materiais biodegradáveis ou ainda o descarte correto.
Caso a cadeia de produção de determinado produto ou serviço não seja sustável, gerando, por exemplo, produção de CO2, temos diante de nós um grande problema com o consumidor, porém uma enorme oportunidade em relação a ganhos de eficiência, melhorias em processos com aplicação de novas abordagens ou ainda a total reengenharia desta cadeia.
SIGNIFICADO FORTE REVELA A PERCEPÇÃO DE VALORES CLAROS
Em um recente artigo que escrevi em nosso blog, Inovando para internacionalizar, comentei que em um processo de inovação, consolidamos o valor de um produto ou serviço ao mercado a partir da sua aderência a necessidade real das pessoas. Quero dizer que em uma economia madura, como a europeia, precisamos ter claro em nossas empresas qual proposta de valor estamos realmente apresentando aos nossos consumidores.
Significado forte nasce justamente da certeza que temos enquanto empresas, que precisamos de um propósito claro dos valores que carregamos. Apenas dando um exemplo do que quero dizer, recentemente no mercado brasileiro, uma famosa empresa de sucos, entoava nos mercados, cantos sobre sua essência pura e seus valores imutáveis enquanto a alimentação saudável, desde a origem que dizia oferecer aos consumidores.
Pouco tempo depois, acabou sendo vendida a uma gigante do setor que outrora era demonizada pela empresa de sucos surgindo assim uma forte nuvem de incerteza sobre o real significado das mensagens de pureza.
Quando os fundadores dessa empresa foram enfim questionados sobre o porquê eles aceitaram serem vendidos justamente por que demonizavam, a resposta deles parecia pronta. “Bem, em prol de sermos gigantes também e fazermos muito mais bem ao planeta aceitamos a oferta de compra”.
Entenda, caro leitor, este posicionamento não adere mais ao consumidor. Digo não adere, pois o valor de mercado e as vendas da empresa de sucos vendida nunca mais foi o mesmo. Eles tiveram uma redução enorme de participação e acabaram virando um logo em um momento de marcas dos produtos da gingante.
A escolha de posicionamento é sempre do empreendedor, mas em mercados maduros, como o europeu, os consumidores estão muito atentos as demonstrações claras de mudança no significado proposto. Precisamos ter muito claro em quais significados acreditamos que temos e qual experiência proporcionamos aos nossos clientes através dos produtos e serviços que oferecemos.
Gosto muito deste tema e temos construído dentro dos nossos processos de inovação, oferecidos as empresas que participam do programa Ignition (leia artigo que citei acima para compreender a jornada de inovação para internacionalização do programa Ignition), uma análise consistente das propostas de valor por elas ofertadas.
Quando temos diante de nós, consumidores maduros que compreendem a cadeia de produtos ou a sistemática dos serviços oferecidos, que sabem dar valor ao que ganham, pois já atingiram um alto grau de desenvolvimento educacional e social. Além disso, que compreendem a sustentabilidade como essencial para a continuidade do modo de vida que atingiram, não é possível oferecer algo sem levar em consideração toda esta reflexão.
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Ofertar algo aos consumidores sejam eles pessoas físicas ou empresas, deve levar em conta a reputação que estamos colocando em jogo. Veja, sobre reputação quero escrever um novo artigo em breve, porém entenda reputação como tudo que você construiu e gerou de valor ao mundo.
Mesmo sendo desafiador conquistar clientes, pois afinal eles não querem saber muito o que você já fez mais sim o que pode fazer por eles hoje, ter reputação e mostrar quanta gente ou quantas empresas você já auxiliou com seus produtos e serviços se torna fundamental em um mundo, onde autoridade é quase tudo.
Por um lado, é super interessante esta questão, pois apesar dos meios digitais darem a falsa impressão de que apenas um bom orador e lindas imagens vendem credibilidade, o que vemos no mundo real é que se precisa bem mais do que isso para realmente construir um negócio que gere valor para uma cadeia.
EXPERIÊNCIA SEM SIGNIFICADO É FRUSTRAÇÃO CERTA
Quando o significado é forte, a experiência é garantida. Viver a experiência de algo que estamos nos relacionando, seja através de um serviço ou um produto que compramos, gera uma enorme relação de compreensão do significado.
Quem já esteve em um lugar que marcou sua vida, ou em um restaurante que jamais esquece o sabor do prato, ou ainda para ser bem realista, com tantas empresas que ajudamos a internacionalizar, sabe aquele prestador de serviço, por exemplo, uma empresa de tecnologia que entregou o projeto no prazo, cumpriu os cronogramas, enviou reports em toda a jornada do trabalho, não inventou nada e não criou nenhuma desculpa? No final, fez avaliação e apresentou a documentação. Caro amigo, esta é uma experiência que em todos os sentidos, está cheia de significado.
Vivemos o mundo da experiência. Mas experiência sem significado é frustração na certa. Em um continente maduro, como o europeu, ter claro o que queremos e o que somos é fundamental. Caso queira mergulhar mais no significado da sua empresa e transformá-lo em experiência, fale conosco! Forte abraço e até o próximo artigo.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.