Como esquecer as minhas aulas de antropologia? Quando cursei Teologia há mais de duas décadas, passei três anos estudando o homem pelo olhar antropológico. Tempo depois voltei à universidade para naquele momento finalizar um curso de Filosofia e novamente meus estudos de antropologia ficariam em minha mente provocando grandes reflexões.
Este texto “Somos um pequeno Grupo”, nasce destas inquietações e como uma forma de refletir sobre a jornada de textos que chamei dos “Nove sinais de mudança do ser humano”. Você pode conferi-lo em sua totalidade a partir do primeiro texto O lado humano da transformação digital.
Mas como inquieto que sou, apenas o pensar não basta. Acredito que a produção de conhecimento deva ser guiada de alguma forma para a transformação do mundo.
Minha maneira de ajudar nesta transformação é primeiro vivendo o que acredito e em segundo estar em sintonia com a Terra. Nossa espiritualidade nasce da nossa conexão com a natureza.
Como dizer belezas sobre o amor se não reconhecemos a beleza e a amorosidade da natureza ao nosso redor.
As transformações nascem de pequenos gestos. Cultivar o amor é reverenciar a Terra como mãe e o feminino como Pai. Fomos gerados pela mesma mãe e filhos da mesma Terra.
Sobre isso, quero aprofundar com você o sentimento de pertencimento. É difícil imaginar pertencimento em um momento da história que somos quase sete bilhões de seres. Mas jamais subestime, somos todos irmãos.
CONECTANDO A TEIA DA VIDA
Assim como eu, você tem a mesma raiz comum. Sinceramente pouco importa sua cor de pele ou o que você chama de genealogia. Somos irmãos e isso é um dado científico.
Em tempos em que alguns dos seres que se chamam de inteligentes tendem a defender uma terra plana, sei que não parece fácil acreditar que somos irmãos. Mas não desanime, todos ao seu redor podem ser chamados de queridos irmãos.
Ao longe no retrovisor da vida, mas perto de nossa finita existência, eu estava lá sentado na cadeira da universidade ouvindo tarde da noite um professor apaixonado de antropologia falar sobre um ilustre antropólogo brasileiro.
Darcy Ribeiro foi um antropólogo, historiador, sociólogo, escritor e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista e conhecido por seu foco em relação aos indígenas e à educação no país.
Suas ideias de identidade latino-americana influenciaram vários estudiosos latino-americanos posteriores. Ele nasceu em 1922 e morreu em 1997.
Uma das maiores contribuições de Ribeiro, foi a valorização da cultura indígena e o papel do mameluco (mestiço de índio) na nossa formação étnica. Para o antropólogo, a contribuição da cultura negra para a identidade brasileira estaria, principalmente, no plano ideológico, na força física, nas crenças religiosas, na música e na gastronomia.
No exílio, Darcy Ribeiro escreveu sua obra “O Processo Civilizatório”. Etapas da evolução sociocultural e publicou-o em 1968. É nesse cenário que Darcy Ribeiro se propõe a pensar a nação brasileira e o Estado como não necessariamente sinônimos.
Mas o que chama nossa atenção nesta obra que contribuiu para nossa discussão são os capítulos de estudos apresentados por Ribeiro sobre o que chamamos de sedentarização.
Ribeiro irá compor um mosaico da evolução humana, desde um pequeno grupo sobrevivendo mesmo que lutando com outros grupos até a última grande mudança glacial subir da África para a antiga Mesopotâmia.
Lá este grupo se fixaria, iniciaria a domesticação de animais e a criação da agricultura como conheceríamos.
Neste processo, a teoria da nossa existência começa a construir um novo episódio. Somos um pequeno grupo de não mais de mil indivíduos a chegar aonde chegamos.
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DA PRIMEIRA CIDADE PARA TODOS OS CONTINENTES
Deste primeiro aglomerado humano descendemos todos. Essa é nossa raiz comum, portanto caro amigo, chega de pensar que você é especial, somos todos iguais.
Este grupo venceu, cresceu e migrou para todos os cantos da Terra. Passou por uma pequena península que ainda estava aberta ligando os continentes asiáticos às américas e povoou ao longo dos séculos todos os lugares onde pode ser encontrado este animal chamado homem.
Somos um pequeno grupo que sobreviveu enquanto espécie e dominou a Terra. Ao longo dos séculos pequenos grupos reforçariam por inúmeras vezes nosso ímpeto de vida.
Sobreviveriam a pragas, guerras, crises de alimentos, incêndios, catástrofes e por vezes quando olhamos para determinada região, o fim sempre foi uma possibilidade.
Qual a diferença do que vivemos hoje?
SOMOS UM PEQUENO GRUPO! AS MUDANÇAS DEPENDEM DE NÓS
Não olhe para o lado e espere que ele comece a mudança no mundo que você quer. A pandemia já mostrou a toda a humanidade que o recomeço é possível.
Para isso, crie ao seu redor mais pessoas do bem que acreditam em você e nos valores que defende.
Agregue sem rotular os demais, afinal, somos todos irmãos. A verdade não existe, ela é uma das possibilidades de ver a realidade.
Mas precisamos colocar outra coisa no centro e não mais nosso ego ou o consumo. O feminino e o belo devem ocupar o centro.
Tudo que não faz sentido à Terra deve ser repensado. Modo de vida, consumo, relação com produtos, trabalho, governos, natureza e vida.
Ou promovemos a vida, ou ela irá continuar e nossa espécie não.
Somos parte da teia da vida e não a teia. O centro é a vida e a Terra é a expoente do Sagrado.
Nosso pequeno grupo de indivíduos já levantou a cabeça. Veja se você está enxergando-o, caso a resposta seja negativa, conte comigo, pois eu já levantei a minha.
SOBRE O AUTOR
Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.
Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio-fundador da Agência Incandescente, sócio-fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.