HOSPITALIDADE COM ACOLHIMENTO E HUMANIZAÇÃO

Partiremos em busca da nossa tentativa de compreender a hospitalidade a partir do filósofo Jacques Derrida, franco-magrebino, que iniciou durante a década de 1960 a desconstrução da filosofia.

Em sua obra “Adeus a Emmanuel Lévinas”, Derrida (2008), por meio da palavra adeus, explora os diversos sentidos assumidos por ela em francês.

Pode ser utilizada para expressar uma despedida de “Até logo!”; como uma despedida temporal, “boa noite!”, ou pesarosa, e ainda um a-Deus, “para Deus”. Derrida afirma que aprendeu essa profunda expressão e outras com Lévinas: “Noutro lugar, antes de dizer o que deve ser o, a-Deus, um outro escrito fala da ‘retidão’ extrema do rosto do próximo” como “retidão de uma exposição à morte, sem defesa”.

Derrida faz um alerta para o risco da palavra “adeus” se desviar de sua retidão, ou seja, falar diretamente, dirigir-se diretamente ao outro e falar ao outro que amamos e admiramos antes de falar dele.

É nesse sentido que ele alerta que dizer “adeus” a Lévinas é não somente lembrar o que ele ensinou sobre certo adeus.

A HOSPITALIDADE

O conceito de hospitalidade, é o meio de acolhimento que torna possível a ética, o direito e a política. Assim, se torna um acolhimento do rosto e, por meio do mesmo, tem-se vinculação do desvinculado. Desse modo, tem-se a abertura que torna o finito infinito.

A hospitalidade aparece como um fenômeno que, assim como a alteridade, está para além do ser.

A ideia que postula o Infinito no finito busca uma saída de neutralização em que o ser se encontra, um caminho para a des-neutralização.

Segundo Derrida, essa é uma experiência da hospitalidade, tendo em vista que Lévinas justificava e preparava a vinda da palavra hospitalidade. Essa passagem, que abre o finito ao infinito, passa pelo abismo da separação, ao passo que a separação radical é a condição da hospitalidade.

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O ACOLHIMENTO COMO POSSIBILIDADE DO ENCONTRO COM O OUTRO

Revelando a correlação inerente ao discurso filosófico e desmontando a distinção entre filosofia e literatura, a Desconstrução questiona a distinção essencial à Filosofia da linguagem, à linguística e à poética existentes entre a linguagem-objeto e a metalinguagem.

Dentro dessa perspectiva, não sendo possível atingir um ponto exterior ao texto, a partir do qual se poderá dizer o significado último, toda a metalinguagem é ainda e apenas “texto”.

Designa-se por desconstrução, enquanto hospitalidade, a desconstrução do acolhimento do outro; é uma abertura do outro, do texto e da linguagem: “com efeito, a desconstrução consiste em produzir, discursivamente, o outro a partir de si mesmo”.

Hospitalidade, pelo pensamento de Derrida, é o relacionamento do acontecimento do outro, é essa diferença do outro que está diante de mim.

É a possibilidade de criar o outro, deixar o outroestranho vir através da desconstrução do que para mim, é o outro. E isso acontece de ambos os lados: de quem acolhe e de quem é acolhido.

Dessa forma, torna-se o movimento de acolhida da alteridade de toda a alteridade: “a hospitalidade é simultaneamente uma construção e uma desconstrução”

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Forte abraço e até o próximo conteúdo. 

AUTOR:

BENÍCIO FILHO

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC-SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atualmente está em processo de conclusão do curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco.

Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador da Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).

Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio). Além de participar de programas de aceleração, como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.

Palestrando desde 2016 sobre temas, como: Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência. Já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020). É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.

Construir conhecimento só é possível quando colocamos o aprendizado em prática. O mundo está cansado de teorias que não melhoram a vida das pessoas. Meus artigos são fruto do que vivo, prático e construo.